ETIÓPIA e sua história: o belo, o gentil e o sagrado

A ETIÓPIA me impressionou pela beleza, gentileza e costumes de seu povo.

A quantidade de Patrimônios Históricos também chama a atenção. A Etiópia divide com a África do Sul o posto de maior número de Patrimônios Mundiais da UNESCO na África (oito, cada país).

A Etiópia, oficialmente República Democrática Federal da Etiópia é um país encravado no Chifre da África e um dos mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa da África e a décima maior em área.

Conhecer a Etiópia é fazer uma viagem no tempo que começa à beira do imenso lago Tana – a nascente do rio Nilo Azul, com trinta e sete ilhas e vinte mosteiros escondidos na floresta – e continua na direção das cidades sagradas de Axum e Lalibela.

Tudo para se descobrir as raízes do cristianismo mais antigo, que conseguiu sobreviver numa terra de deuses pagãos, entre igrejas escavadas nos rochedos, profusão de textos sagrados e um enorme repertório de mitos e lendas.

Uma delas narra como foi que o filho do rei Salomão e da rainha de Sabá levou para a Etiópia a Arca perdida: a caixa que continha as tábuas que Deus deu a Moisés.

O filme “Caçadores da Arca Perdida”, da série Indiana Jones, fala exatamente disso: do famoso tesouro bem guardado pelos sacerdotes ortodoxos numa capela da cidade sagrada de Axum, quase na fronteira com a Eritreia. Ninguém pode entrar na capela, apenas o seu guardião, um monge que beira hoje os 60 anos. Ele dedicou sua vida inteira, dia após dia, à vigilância da arca, fazendo apenas uma pequena pausa para comer. terá de ser virgem e permanecer como tal, e estar disposto a queimar incenso diante da arca dia e noite, até o seu último dia de vida. O que é realmente a arca permanece um mistério. Dizem que é apenas um pedaço de madeira com inscrições antigas. Ninguém sabe ao certo. Inútil perguntar ao guia etíope que acompanha os visitantes: “É preciso ter fé”, ele responde.

Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos conhecidos por cientistas de hoje em dia que estudam os traços mais antigos da Humanidade (olhe que traços bonitos desta mãe carregando o filho nas costas, como é hábito nacional na Etiópia); podendo potencialmente ser o lugar em que o homo sapiens se originou.  Foi um dos primeiros países cristãos no mundo, tendo oficialmente adotado o cristianismo como religião do Estado no século IV. O país ainda tem uma maioria cristã; porém, um terço da população é muçulmana. A nação também é o berço espiritual da religião Rastafari. O país também é famoso pelas suas igrejas talhadas em pedras e como lugar onde o grão de café se originou.

No período após a queda da monarquia, a Etiópia transformou-se em um dos países mais pobres do mundo. Ela sofreu uma série de períodos de fome trágicos na década de 1980, resultando em milhões de mortes. Lentamente, no entanto, o país começou a se recuperar, e hoje a economia etíope é uma das que mais crescem na África.

A Etiópia é o mais antigo país independente da África e um dos mais antigos do mundo.

O que se acredita serem os restos mais antigos de um ancestral humano já encontrado, que foram datados como tendo cerca de cinco milhões de anos, foram descobertos no vale de Awash, na Etiópia. Este bate a descoberta de “Lucy”, um esqueleto de 3,2 milhões anos de idade, que foi descoberto na mesma área em 1974.

O Imperador Menelik II reinou de 1889 a 1913. A Itália tornou-se uma ameaça, tendo começado a colonizar parte do que viria a ser a sua futura colônia da Eritreia em meados da década de 1880.

Em 1896, a Etiópia derrotou a Itália na batalha de Adwa, que permanece famosa hoje como a primeira vitória de uma nação africana sobre uma potência colonial.

Em abril de 1993 os eritreus votaram pela independência em um referendo monitorado pela ONU.
Na Etiópia, o Presidente Meles Zenawi e os membros da TGE prometeram supervisionar a formação de uma democracia multipartidária. A eleição de uma assembleia constituinte de 548 membros foi realizada em junho de 1994. A Assembleia aprovou a constituição da República Federal Democrática da Etiópia, em dezembro de 1994. Eleições para o primeiro parlamento foram realizadas em 1995 e o governo foi instalado em agosto do mesmo ano.

O reinado de Haile Selassie como Imperador da Etiópia é o mais conhecido e talvez o mais influente na história da nação. Ele é visto como a encarnação de Jah, pelo Movimento Rastafari.
Após a morte de Zewditu, ele foi coroado Imperador em 2 de novembro de 1930.
Tendo nascido de pais das três principais etnias etíopes (Oromo, Amhara e Gurage) e após ter desempenhado um papel preponderante na formação da Organização da Unidade Africana, Haile Selassie ficou conhecido como uma figura unitária tanto da Etiópia, como do Continente Africano.

Em 1952, Haile Selassie orquestrou uma federação com a Eritreia, a qual viria a ser dissolvida em 1962. Esta anexação desencadeou a Guerra de Independência da Eritreia. Embora Haile Selassie tenha sido visto como herói nacional, muitas vozes se voltaram contra ele, em vista da crise mundial do petróleo de 1973, escassez de alimentos, a incerteza a respeito da sucessão, guerras fronteiriças e um descontentamento na classe média criada pela modernização do país.

O reinado de Selassie chegou ao fim em 1974, quando uma junta militar marxista-leninista, a chamada Derg, liderada por Mengistu Haile Mariam, o depôs e estabeleceu um estado unipartidário.

A Etiópia faz fronteira ao norte e oeste com o Sudão. No sudoeste com o Quênia. Ao sudeste e leste com a Somália e nordeste com Djibuti e Eritreia.

O prato nacional da Etiópia, wot, é um ensopado picante, podendo ser feito de carneiro, carne de vaca, galinha, cabra ou mesmo lentilhas ou grão de bico.

Alecha é um guisado picante temperado com gengibre. Para a maioria dos etíopes, que são ou cristãos ortodoxos ou muçulmanos, é proibido comer carne de porco.

O clima é de tipo tropical, variável de acordo com a altitude. O nordeste do país é semidesértico, e as temperaturas são muito elevadas. O clima é mais temperado nas altas planícies (Adis Abeba), onde as temperaturas são agradáveis durante o dia e frescas durante a noite. As chuvas são abundantes de junho a setembro. As tempestades são frequentes em julho e em agosto.

A população do país é formada por cerca de 70 etnias diferentes, das quais se destacam os oromos (40%), os aimarás e os tigres ou trigrinas (32%), os aidamos (9%), os sankelas (6%), os afares (4%) e os gurages (2%).

Quanto à religião, 66% são cristãos, a maioria destes ortodoxos, 30% muçulmanos e 4% têm outras religiões.

O país é banhado pelo rio Nilo Azul, cuja origem está no lago Tana, o maior da Etiópia. Há fontes termais a norte da planície de Danakil.
Como ocorre com a maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas.

As secas periódicas, a erosão e o esgotamento do solo, o desmatamento, a alta densidade populacional e a infraestrutura precária (vide os andaimes nas construções atuais, na foto à direita e à esquerda) tornam difícil o abastecimento satisfatório dos mercados.

Os camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas medidas oficiais, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco êxito. A pesca, a pecuária e as atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos ainda rudimentares de produção.

A República Federal Democrática da Etiópia foi proclamada em 1995 por uma Assembleia Constitutiva eleita em 1994. Em eleições gerais, Meles Zenawi foi constitucionalmente proclamado Primeiro-Ministro.

Os representantes do povo são eleitos por voto popular direto, enquanto que os senadores são designados pelas regiões administrativas.

O atual Presidente é Girma Wolde Giorgis, que substituiu Negaso Gidada, em outubro de 2001.O Chefe do Governo e mandatário de fato, igualmente designado pelo Parlamento, é o Primeiro-Ministro, Mélès Zenawi, no poder desde agosto de 1995. O Governo é dominado pela Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (EPRDF), coalizão de grupos rebeldes que assumiu o poder em 1991, após longo período de conflitos internos.

Além das instituições citadas, o país possui uma Corte Suprema, uma Corte Superior e Cortes Regionais.

Aproximadamente 80% da população sobrevive da agricultura, que é a espinha dorsal da economia etíope, respondendo por cerca de 90% do PIB. As exportações principais do setor são café, sementes oleaginosas, leguminosas (feijão), flores, cana-de-açúcar, forragem para animais e uma planta conhecida por qat, que possui propriedades psicotrópicas quando mascada.

Outros produtos agrícolas importantes são cereais: trigo, milho, sorgo, cevada e o teff, cereal nativo que constitui a base da alimentação no país. As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas são arcaicas e, portanto, a produção se limita ao nível de subsistência.

A música reggae tem suas fontes a partir da cultura etíope.

A língua amárica é o idioma oficial da Etiópia, com cerca de 26 milhões de falantes nativos. Não se deve confundir o amárico com o aramaico, língua morta falada em partes do Oriente Médio na época de Jesus Cristo, embora ambas sejam línguas de origem semítica.

Área: 1.127.127 km quadrados
População: 85.237.338 habitantes (julho/2009)
Renda per capita: U$ 800 (2008)
Expectativa de vida: 53 anos (homens) e 58 anos (mulheres) – 2009
Crescimento demográfico: 3,2% (2009)
Fecundidade: 6,1 filhos/mulher (2009)
Alfabetização: 38% homens; 24% mulheres (secundária, 2006)
Moeda: Birr etíope
Fuso horário em relação ao Brasil: +6 horas
Agropecuária: milho, açúcar, trigo, painço, batata, café e algodão; bovinos, ovinos, caprinos, equinos e camelos
Recursos naturais: pequenas reservas de ouro, platina e cobre
Idiomas: amárico (oficial); amabari, agau, somali, árabe, italiano e inglês (não oficiais)
Capital: Addis Abeba
Principais cidades: Dire Dawa, Nazret, Harar
Divisão política: 9 regiões e 2 cidades
Indústria: alimentos, couro, tabaco, fósforos, têxteis e químicos
Produtos de exportação: têxteis, alimentos, bens manufaturados
Produtos de importação: bens manufaturados, alimentos, químicos, azeite vegetal e animal e petróleo

ADIS ABEBA
Adis Abeba é a capital, desde 1889,  e a maior cidade da Etiópia, sede da União Africana. Sendo uma cidade multicultural, contém até 80 nacionalidades e línguas diferentes, como também comunidades cristãs, muçulmanas e judias. Situa-se no centro da Etiópia, a uma altitude de aproximada de 2440 metros.

A cidade é o principal centro comercial, cultural e manufatureiro do país. Foi fundada em 1887 pela esposa do então imperador Menelik, Taitu Bitul. É rodeada de montanhas cobertas de matas de eucaliptos. Nas proximidades, nasce um dos afluentes do Nilo Azul. A sua situação de interioridade obrigou a procurar uma saída para o mar: assim, nasceu a via férrea para Djibouti, com 728 km, e a ligação viária ao porto de Maçuá (Eritreia), com quase 1 200 km. A subida ao trono do imperador Hailé Selassié, em 1930, e posteriores obras realizadas pelos Italianos depois de conquistarem aquele território, entre 1936 -1941, trouxeram-lhe relativa prosperidade.

O trânsito na cidade é simplesmente caótico, independentemente das obras. Praticamente não existem semáforos, é uma quantidade enorme de pedestres que, não cabendo nas calçadas, disputam espaço nas ruas com os carros e cada um que trate de achar seu espaço.

Além disso, tropas inteiras de jumentinhos abarrotados de produtos da zona rural atravessam as avenidas em direção ao Merkato (na foto à direita uma linda menina tão novinha já ajudando os pais na venda de tecidos), o maior mercado de rua da África, que fica no centro velho da cidade.  Na frente da Meskel Square, o mais importante espaço de convergência de público da cidade, a avenida tem sete pistas em cada direção, sem canteiro no meio e sem semáforo para pedestres. Atravessá-la exige muita adrenalina!

O local onde está situada a cidade foi escolhido pela imperatriz Taytu Betul, tendo sido fundada em 1887 por Menelik II. Antes da fundação da cidade propriamente dita, já havia pequenas colônias de nativos que residiam na região. Dois anos mais tarde, converteu-se em capital do país. Parece que a imperatriz escolheu este lugar devido à existência de águas termais, origem de uma espécie de balneário, no qual os nobres da corte desfrutavam de banhos relaxantes. A cidade foi crescendo rapidamente e uma das contribuições do fundador (ainda visível na atualidade) foi de dotar suas ruas de eucaliptos.

A cidade está situada aos pés do monte Entoto, em um planalto de 2300 a 2600 metros acima do nível do mar. Sua situação, a uns 2500 metros de altitude, a converte na cidade mais elevada da África e a quarta capital mais alta do mundo. Sua altitude varia de 2326 metros, do ponto mais baixo, onde se encontra o aeroporto, até mais de 3000 metros dos montes Entoto, no norte, e onde se concentram as favelas mais pobres.

A cidade é o centro econômico e financeiro do país. Após o final da guerra entre Etiópia e Eritreia, seu crescimento foi incrementado devido ao prodigioso número de imigrantes que recebe, fundamentalmente desde a região sul. O centro econômico da cidade é o Merkato, que tem a reputação de ser o maior mercado de toda a África. A principal atividade econômica da cidade é a pecuária.

A cidade também é sede da Ethiopian Airlines, a companhia aérea mais ativa da África, e do Banco Nacional da Etiópia.

LOCAIS  DE  INTERESSE

Monte Entoto
O Monte Entoto é o pico mais alto com vista para a cidade de Adis Abeba, fazendo parte da cadeia de montanhas Entoto e chegando a 3.200 metros acima do nível do mar. Também é um lugar histórico, onde Menelik II viveu e construiu seu palácio, quando vinha de Ankober e fundou Adis Abeba. É considerado uma montanha sagrada e tem muitos mosteiros. Também é notável por possuir um grande número de igrejas famosas, como a de São Ragüel e de Santa Maria.

A montanha é densamente coberta por eucaliptos que foram importados da Austrália durante o reinado do imperador Menelik II. A maior parte do plantio foi levada a cabo durante o reinado do imperador Haile Sillasie, sendo comumente referida como o “pulmão de Addis Abeba”.

Igreja de Maryam
É a mais antiga igreja de Adis Abeba (foto à direita), fundada pelo imperador Menelik II. Próximo a ela encontra-se o Museu Memorial do Imperador Menelik e da Imperatriz Taitu.

Museu Nacional de Arqueologia
O museu possui tesouros artísticos da nação, assim como muitas das descobertas arqueológicas mais famosas, como os restos fósseis dos primeiros hominídeos, o mais famoso dos quais é “Lucy” (foto à direita, mais acima), o esqueleto parcial de um espécime de Australopithecus afarensis.

O antigo palácio imperial onde morava Hailé Selassie foi transformado em Universidade, e a casa virou um belo museu que preserva ainda o ambiente domiciliar, com artefatos originais no quarto, banheiro e sala de jantar.  Ali está também empalhado o leão de estimação com o qual  ele às vezes viajava pelo mundo.
O Museu dos Mártires do Terror Vermelho conta a história das atrocidades cometidas pelo regime militar que depôs o imperador em 1974 e, com a ajuda dos soviéticos, manteve-se até 1991, quando começou de fato o regime democrático que atualmente governa o país.
Em função dos antigos vínculos com o Judaísmo, esculturas do Leão de Judá estão por toda a cidade, sendo que o mais famoso deles está numa praça em frente à antiga (e desativada) estação de trem chamada La Gare, por ter sido construída pelos franceses .

A Catedral da Santíssima Trindade, construída pelo imperador Selassie e que supostamente é uma réplica do Santuário que Moisés foi instruído a construir durante o Êxodo.

Museu e Catedral de São Jorge: o primeiro mostra vários objetos da história da religião ortodoxa etíope. A catedral tem várias pinturas de artistas famosos e é o local onde Selassie foi coroado.

A Piazza é o bairro mais famoso da cidade de Adis Abeba. É lá que todos passeam, por isso tem muita atividade. Além de vários cafés e restaurantes conhecidos, há ainda um cinema, vários mercados, a Igreja Grega e muitas lojas. No final da tarde, a Piazza fica repleta.

População: 3.230.771 habitantes (2009)
Distância de Sana (aérea): 918 km (1 h e 38 min)
Distância de Bahir Dar (aérea): 321 km (54 min)
Distância de Lalibela (aérea): 334 km (55 min)

BAHIR DAR

Está situada no noroeste do país e a noroeste de Adis Abeba, a uma altitude de 1840 metros acima do nível do mar.

A cidade é um dos principais destinos turísticos da Etiópia, com uma variedade de atrações no vizinho lago Tana e no rio Nilo Azul. É conhecida por suas largas avenidas margeadas de palmeiras e uma grande variedade de flores. Em 2002, ganhou o Prêmio da Paz da Unesco, por enfrentar os desafios da rápida urbanização.

Bahir Dar oferece um pequeno mercado diário e, uma vez por semana, um de maior envergadura. Conta também com hotéis construídos em torno do lago e diversos clubes de música. Abriga uma universidade, fundada no ano 2000 sobre a base do antigo Instituto Politécnico de Bahir Dar, fundado em 1963; possui quatro faculdades: Educação, Engenharia, Economia e Negócios e Direito.

O produto típico local são artesanatos com pele de cabra.

PASSEIOS E LOCAIS DE INTERESSE
As Cataratas do Nilo Azul estão localizadas a cerca de 30 km a sul da cidade. Atualmente, a quantidade de água das cataratas está sendo reduzida e regulada, desde a construção de uma hidrelétrica. Não obstante, as cataratas ainda são uma das principais atrações turísticas de Bahir Dar, especialmente durante a estação das chuvas, quando o nível das águas cresce muito e as quedas d’água tornam-se muito mais abundantes.

O lago Tana tem 37 ilhas, 20 das quais possuindo igrejas e mosteiros. Desde o porto da cidade, pode-se atingir, de barco, várias das igrejas históricas e mosteiros localizados nas margens do lago e em suas várias ilhas. A maioria delas data do século XVII e se caracteriza pela riqueza policromática de suas paredes. Algumas das igrejas possuem museus com manuscritos ilustrados, coroas e vestimentas reais e eclesiásticas. Ainda hoje em dia, algumas destas ilhas-mosteiros estão proibidas às mulheres, mas outras podem ser visitadas por ambos os sexos.

Igreja e Convento Ura Kidane Mehret
: Pertence à Igreja Ortodoxa Etíope, localizada na península de Zege (ou Zeghie), no lago Tana. Faz parte do complexo do Convento da Misericórdia. É considerada por muitos como a mais interessante igreja da região do lago Tana. O convento foi fundado no século XIV pelo santo Betre Mariyam (em amárico, “haste de Maria”), embora a atual igreja circular date do século XVI. Suas paredes são decoradas com numerosos murais pintados entre 100 e 250 anos atrás, sendo o mais significativo o pintado por Alaga Engida, durante o reinado do imperador Menelik II. A igreja tem seus tesouros abrigados em um anexo próximo.

População: 167.261 habitantes (2005)
Distância de Adis Abeba (aérea): 321 km (54 min de voo)
Distância de Gondar (rodoviária): 169 km (aproximadamente 2 h e 30 min)

GONDAR

Gondar foi a última capital do império da Etiópia, localizada na província de Beghemidir. Estabelecida pelo imperador Sertse Dingil, em 1580, a cidade de Gondar hoje é a maior atração turística, com muitas ruínas e castelos remanescentes do império. Gondar é também um notável centro de ensino eclesiástico da Igreja Ortodoxa Etíope.

Situa-se a norte do lago Tana, no rio Angereb, e a sudoeste das montanhas Simen, a 2.133 metros acima do nível do mar.

Durante o século XVII, a população da cidade era estimada em mais de 60 mil habitantes. Muitos dos edifícios deste período ainda existem, apesar de o século XVIII ter sido uma época de lutas e desordens civis e a cidade ter iniciado sua decadência.

A cidade se desenvolveu sob a ocupação italiana, durante a Segunda Guerra Mundial.

LOCAIS DE INTERESSE
Cidadela de Fasil Ghebi
Em 1979, a cidadela de Fasil Ghebi, recinto real amuralhado do século XVII desde que os imperadores da Etiópia reinaram sobre todo o império, foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, junto com outros monumentos da cidade e seus arredores. Fasil Ghebi é um exemplo único de um estilo particular de arquitetura, chamado “estilo de Gondar”, em que, sobre uma base local árabe se integram as influências do estilo barroco europeu, introduzido pelos missionários portugueses, e as técnicas arquitetônicas indianas da cocção do cal, trazidos pelos mestres construtores chegados de Goa.

O recinto real de Fasil Ghebi está rodeado por uma muralha de 900 metros de longitude, com 12 portas e duas pontes. Em seu interior, agrupam-se várias construções históricas, abaixo descritas.

Castelo de Fasilides
Construção de base retangular, flanqueado nas esquinas por quatro torres redondas, arrematadas por pequenas cúpulas, que constitui a obra-prima do estilo de Gondar. Construído entre 1632 e 1667. Com 32 metros de altura, é o mais magnífico e elegante castelo de Gondar.

Castelo do imperador Iyasu
É o edifício mais alto de Gondar, construído entre 1662 e 1706. Iyasu foi o filho do imperador Yohannes. Tradicionalmente, diz-se que este castelo é mais belo do que o Palácio do Rei Salomão, em Jerusalém. Foi decorado com espelhos do Vaticano, folhas de ouro, materiais preciosos e pinturas. Infelizmente, não se pode ver parte destas decorações, devido ao terremoto de 1704 e ao bombardeio dos britânicos, na guerra para expulsar os italianos durante a Segunda Guerra Mundial.

Outras construções importantes
– A Chancelaria e a Biblioteca de Tzadich Yohannes, dois pavilhões anexos ao Castelo de Fasilides;
– o Salão de Banquetes: o impressionante salão do castelo, com relevos de cruzes nas paredes externas é muito interessante de ser visitado.  A imperatriz também construiu um castelo separado para os quartos;
– a tumba do cavalo do rei Fasilides;
– três igrejas, entre as quais se destaca a Capela de Santo Antônio, com belas pinturas murais;
– quadras.
Além de Fasil Ghebi, também foram incluídos como Patrimônios da Humanidade:
Abadia de Debre Berhan Selassie
A Abadia possui uma igreja circular decorada com pinturas, situada a 1200 metros a nordeste de Fasil Ghebi. Debre Berhan Selassie é traduzida literalmente como “Trindade na montanha da luz”. A igreja foi construída durante o reinado de Iyasu I, sendo única, tanto nas pinturas dos murais, como do teto. É famosa por seu afresco do século XVII, com 80 rostos de querubins pintados no teto. Consta no livro “1.000 lugares para conhecer antes de morrer”, de Patricia Schultz

Banhos de Fasilides

Trata-se de um palácio de vários pisos, em uma lagoa dentro de um extenso terreno de recreio, onde anualmente é celebrada a cerimônia de bênção do banho, situado a 1500 metros a noroeste.

As dimensões da lagoa são de 50 x 30 metros e 2,5 metros de profundidade, no centro do qual está o castelo quadrado de dois andares, conhecido como os banhos do rei Fasilides.

Observem o detalhe das raízes expostas das árvores.

Complexo de Qusquam
Construído pela imperatriz Mentuab no século XVIII, 3000 metros a noroeste, que inclui uma igreja redonda e o Palácio de Mentuab, construído entre 1730 e 1755, que recorda o Renascimento europeu. A igreja é dedicada a Santa Maria Mahdists e foi construída sobre outra, datada do século XIX. Mas a nova também vale a pena ser visitada. Dentro dela, em seu subsolo, estão os restos da imperatriz Mentuab, do imperador Iyasu II e de seu neto, Iyoas.

Outras construções

– A Igreja de Kuddus Yohannes, a 1500 metros a oeste
– o Mosteiro de Mariam Ghemb, chamado Socinios
– o Palácio de Guzara.
População: 194.773 habitantes (2005)
Distância de Bahir Dar (rodoviária): 169 km (aproximadamente 2 h e 30 min)
Distância de Lalibela (aérea): 182 km (44 min)

LALIBELA

Lalibela (à direita estão representadas num desenho todas as suas cruzes) está situada a 2500 metros acima do nível do mar. Recebeu seu nome atual do rei Gebra Maskal Lalibela (1172-1212), canonizado pela igreja etíope. É onde se encontram igrejas monolíticas, esculpidas na rocha viva, por ordem do rei Lalibela. Este apresentou-se como herdeiro da dinastia Salomónica — estirpe dinástica criada por Menelik I, filho do rei Salomão e da rainha de Sabá — e ordenou a escavação de vários templos na rocha vulcânica a muitos metros de profundidade, dando início às construções do local. Àquela altura, os cristãos tinham por tradição visitar ao menos uma vez na vida a cidade de Jerusalém (como hoje os muçulmanos fazem com a cidade de Meca).

Como Jerusalém estava dominada pelos árabes, os cristãos não podiam exercer essa tradição. Assim, enquanto os católicos europeus passaram a se voltar para Roma (até hoje, ocorrem peregrinações à cidade italiana a cada 25 anos, nos anos terminados em 00, 25, 50 e 75, de cada século), Lalibela decidiu construir uma réplica de Jerusalém em seu reino. A Etiópia tem uma das mais antigas tradições cristãs. Para seus fiéis, de tradição copta, a peregrinação a Lalibela tem o caráter de uma viagem a Jerusalém.

As igrejas escavadas na rocha de Lalibela constituem Patrimônio Cultural da Humanidade. Onze igrejas e um mosteiro, além de vários sepulcros e outros lugares sagrados formam uma cidade labiríntica escavada no subsolo. Cada um destes templos foi talhado na rocha da montanha, como se fossem esculturas. O templo de São Jorge, um monólito em forma de cruz grega e 15 metros de altura, é o principal.

Próximo das igrejas, encontram-se o Mosteiro de Ashetan Maryam e a Igreja de Yemrehana Krestos, do século XI, construída em estimo eximida, situada em uma caverna.

As igrejas de Lalibela estão distribuídas em dois grupos principais, separados pelo canal de Yordanos, que representa o rio Jordão, porém comunicadas entre si por tuneis, passagens e trincheiras. O lugar foi concebido para que sua topografia correspondesse a uma representação simbólica da Terra Santa. Uma cruz monolítica marca o ponto de partida do percurso feito pelos peregrinos.

A norte, encontram-se as igrejas de Biet Medhani Alem (Casa do Salvador do Mundo), Biet Mariam (Casa de Maria), Biet Mascal (Casa da Cruz), Biet Denagel (Casa das Virgens Mártires), Biet Golgotha (Casa do Gólgota) e Biet Mikael (Casa de São Miguel); a sudeste, Biet Amanuel (Casa de Emanuel), Biet Mercoreos, Biet Abba Libanos, Biet Gabriel Rafael (Casa de Gabriel e Rafael) e Biet Lehem. Separada das demais, a oeste, encontra-se Biet Ghiorgis (Casa de São Jorge), a melhor conservada.

Ainda que as datas de construção das igrejas não tenham sido estabelecidas com exatidão, pensa-se que a maior parte tenha sido construída durante o reinado de Lalibela, por volta do ano 1200.

Biet Ghiorgis (Casa de São Jorge)
Talhada, no século XIII, em sólida rocha vulcânica avermelhada, é a mais conhecida e a última das onze igrejas na área de Lalibela e tem recebido, em várias ocasiões, o título de “oitava maravilha do mundo”. A cavidade é quadrada e tem 25 metros de lado, enquanto que a igreja mede 12 metros de lado por 12 metros de altura, sem contar o pedestal de três níveis em que se encontra e com formato de cruz grega. Para criar o espaço em que está situada, foram retirados cerca de 3400 metros cúbicos de rocha, além de outros 450 metros cúbicos para esculpir e decorar o interior da igreja.

Segundo a história cultural etíope, a igreja foi construída depois que o rei Lalibela teve uma visão, na qual lhe eram dadas instruções para construir uma igreja. Ao longo da história, a autoria destas instruções foram atribuídas tanto a São Jorge, como a Deus mesmo. A lenda conta que a igreja foi construída com milagrosa rapidez pelo rei em pessoa, acompanhado por um grupo de anjos.

Biet Medhani Alem (Casa do Salvador do Mundo)

É a mais alta e extensa do grupo, sendo uma reprodução da Catedral de Santa Maria de Sion, de Aksum, destruída em 1535 pelos invasores muçulmanos. Desprovida de pinturas, está dividida em cinco grandes naves. Contém a Cruz de Lalibela e, possivelmente, seja a maior igreja monolítica do mundo. Seu espaço interior é de 10 mil metros cúbicos e estima-se que, para sua construção, tenham sido retirados 15 mil metros cúbicos de rocha. Do ponto de vista do desenho, destacam-se as colunas que a rodeiam, bem como seu teto de duas águas.

As 11 igrejas, algumas com mais de 9m de altura, são escavadas abaixo do nível do solo e cercadas de pátios e fossos que se interconectam formando um emaranhado de túneis e passagens. As igrejas de Lalibela são tão veneradas na Etiópia quanto as Grandes Pirâmides no Egito. A própria cidade, com sua espetacular localização em meio a íngremes escarpas a mais de 2400m de altitude, é um devaneio. Também fazem parte do livro “1.000 lugares para conhecer antes de morrer”, de Patricia Schultz
População: 14.668 habitantes (2005)
Distância de Gondar (aérea): 182 km (44 min de voo)
Distância de Adis Abeba (aérea): 334 km (55 min)

QUEM LEVA:
SGE VIAGENS E TURISMO:

Rua Uruguai, 155 cj.1020
Fone:(51)3225-3333 Centro
Porto Alegre/RS
www.sgeturismo.com.br – [email protected]

Redação Final: Dina Barile
Pesquisa: Milo Fogliato
Fotos: Dina Barile

Fontes pesquisadas

1. Sites da internet:
– wikipedia
– www.amambainoticias.com.br
– www.portalsaofrancisco.com.br
– cef03gama6b.blogspot.com.br
– etiopia-ideal.blogspot.com.br
– sesituando.com
– www.jasabia.com.br
– www.voldiscount.eu
– www.balaiodenoticias.com.br
– silviobarros.com.br
– wikitravel.org
– www.yaredtour.com
– www.joaoleitao.com
– www.amharatours.org.et
– realethiopia.com
– www.alemetethiopiatour.com
– www.mapcrow.info

2. Livros:
– Almanaque Mundial 2010 – Editorial Televisa/México – Out/2009 – 56ª edição
– Shultz, Patricia – 1000 lugares para conhecer antes de morrer; tradução Cláudio Figueiredo, Pedro Jorgensen Junior. – Rio de Janeiro : Sextante, 2006. Tradução de 1000 places to see before you die

LEITURA COMPLEMENTAR, EXTRAÍDO DO UOL, ESCRITO POR MARCELO VICENTI.

Na mística Etiópia, a fé talha montanhas e hipnotiza turistas – http://viagem.uol.com.br/guia/etiopia/lalibela/roteiros/na-mistica-etiopia-a-fe-talha-montanhas-e-hipnotiza-turistas/index.htm#fotoNav=1

A transmutação da água em vinho é um fenômeno muito verificado em Lalibela, um dos locais mais sagrados da Etiópia cristã.

Durante a madrugada, poucos antes de o sol nascer, nativos e peregrinos, vestidos com longos mantos brancos, tomam as ruas da cidade em silenciosa procissão. O cenário que os cerca é de pobreza: casas de barro, chão de terra batida, crianças subnutridas, cachorros ainda mais.

Cético por natureza, e convencido de que o passeio será apenas uma aventura cultural, sigo com dificuldade a multidão: a iluminação é parca e parece que, a qualquer momento, serei engolido por um dos muitos barrancos que desnivelam a cidade, encravada em uma longa cordilheira do Chifre da África, a 2.600 metros sobre o nível do mar.

Os etíopes, porém, conhecem cada palmo destes caminhos escuros e esburacados. A meta de sua marcha, afinal, é a área considerada pelo cristianismo ortodoxo como a Jerusalém africana – localizada no meio de Lalibela e que, subitamente, transforma uma cidade miserável em um mundo encantado de clérigos rezando entre 11 igrejas esculpidas a partir das montanhas locais.

Arte/UOL

Lalibela está localizada no norte da Etiópia, no Chifre da África

Coincidência ou não, a primeira parada da procissão é a igreja chamada “Casa do Salvador do Mundo” (em amárico, o principal idioma etíope, Bed Medhane Alem). Trata-se de um edifício de 12 metros de altura, cercado por 34 colunas e todo talhado a partir de um grande morro de rocha vulcânica.

Ao se prostrarem diante da “Casa do Salvador”, dezenas de fiéis mostram um semblante sereno, como se tivessem subitamente alcançado a redenção. Cânticos embalados por tambores dominam o ar e, lá dentro, em um ambiente cavernoso, sacerdotes rezam ao lado de grandes imagens de São Jorge, o patrono da Etiópia.

Dizem algumas lendas locais que o santo guerreiro supervisionou a construção das igrejas de Lalibela. As pegadas de seu cavalo ainda estariam impressas nos caminhos que conectam os templos. Como eu iriar ver logo em seguida, percorrer essas trilhas seria sentir na pele que, em Lalibela, a fé é capaz de inebriar o mais cético dos turistas.

Zeladores da Arca

Ao deixar Bed Medhane Alem, cruzo um túnel estreito aberto em uma grande rocha e, com o dia amanhecendo, saio em um pátio pontuado por mais três igrejas: Bet Maryam, Bet Meskel e Bet Danaghel. Encostados em uma parede vulcânica, como um quadro sacro em alto relevo, 20 homens leem silenciosamente o Kebra Negast (“A Glória dos Reis”), o livro fundamental da cultura etíope.

Escrita no século 14 d.C., e de autoria desconhecida, a obra é uma das fontes da forte religiosidade que emana da Etiópia: suas linhas afirmam que, no século 10 a.C., após visitar Jerusalém, a rainha de Sabá (que, supostamente, se localizava no que é hoje solo etíope) engravidou do rei Salomão.

Marcel Vincenti/UOL

Sacerdote etíope cuida da entrada da igreja Bet Gabriel, em Lalibela

Seu filho, Menelik, teria dado origem a uma longa linhagem de monarcas que usariam seu suposto sangue salomônico para consolidar poder e convencer os etíopes de que todos eles estavam vinculados ao líder hebreu (entre estes reis, destaca-se Haile Selassie, messias do rastafarianismo e que reinou sobre a Etiópia em boa parte do século 20).

A história também deu origem à crença, generalizada entre os nativos, de que a Arca da Aliança e os Dez Mandamentos se encontram hoje na Etiópia, mais precisamente na cidade de Aksum, 320 km ao norte de Lalibela. Segundo se conta nas ruas do país, tais objetos sagrados (que, para a maioria dos historiadores e monoteístas do mundo, estão hoje desaparecidos), teriam sido roubados de Jerusalém por Menelik e trazidos para a terra de sua mãe.

“A Arca está em Aksum, mas ninguém pode chegar perto dela, exceto os grandes patriarcas da nossa igreja”, me diz um sacerdote chamado Ermias, no ambiente escuro da igreja Bet Maryam, iluminado apenas por pequenas frestas em forma de cruz abertas nas paredes de pedra. “Fomos abençoados como os zeladores da Arca e nossa missão é dedicar a vida à compreensão e adoração das leis divinas”.

Além de costumes únicos e edifícios fantásticos talhados em rocha, esta fé gerou uma iconografia fascinante: pinturas extremamente coloridas de episódios bíblicos e do Kebra Negast podem ser vistas por toda Lalibela (os personagens têm todos feições etíopes) e, na igreja Bet Golgotha, é possível admirar as imagens dos 12 apóstolos, em tamanho real, talhadas de maneira magistral nas paredes do templo.

Obra-prima

A obra-prima de Lalibela, porém, encontra-se isolada no setor oeste da cidade. Trata-se da igreja Bet Giyorgis, cuja estrutura monolítica, com 15 metros de altura, foi esculpida a partir de um único bloco de rocha vulcânica. O edifício fica dentro de um buraco retangular, com apenas seu topo cruciforme aparecendo na linha da superfície do terreno que o cerca.

Marcel Vincenti/UOL

Devotos enfrentam o terreno acidentado de Lalibela para chegar às igrejas da cidade

É do alto que o turista primeiro vê a igreja: lá embaixo, entre os devotos rezando, mulheres costumam secar grãos de “teff”, o cereal que é a base da “injera”, a massa mais importante da culinária etíope (e que é comida com molhos, carnes e legumes fortemente temperados).

Observada em detalhes, Bet Giyorgis fascina: sua estrutura é totalmente independente dos paredões que a cercam. Ela foi talhada, com cinzel e martelo, de cima para baixo: os artesãos começaram cavando a superfície do morro e, à medida que entravam na terra, iam dando forma ao templo, que hoje exibe forma e simetria perfeitas.

Se, no século 19, europeus tentaram provar que os povos da África eram atrasados e, por isso, precisavam da colonização, Lalibela é uma mostra de que a realidade não era bem assim: boa parte do complexo religioso da cidade, incluindo Bet Giyorgis, foi construído entre os séculos 12 e 13 d.C., e sua riqueza arquitetônica intriga estudiosos até hoje.

Marcel Vincenti/UOL

Com 15 metros de altura, monolítica Igreja Bet Giyorgis é a grande obra-prima de Lalibela

O mentor da maioria das obras teria sido um monarca chamado Lalibela (1181-1221): na época, a cidade, batizada de Roha, era a capital de um grande reino africano, comandado pela dinasia Zagwe.

Impossibilitado de fazer peregrinações a Jerusalém, então sob o domínio do islã, o rei, um cristão fervoroso, resolveu erguer uma cidade santa em seu quintal. E assim surgiram muitas das igrejas esculpidas (e o atual nome) do lugar.

A preservação deste cristianismo único, que chegou à Etiópia no século 5 d.C. trazido por missionários bizantinos, deve-se em grande parte à recusa do povo etíope em se deixar dominar, séculos mais tarde, por potências europeias. A Etiópia é o único país africano que jamais foi colonizado (a Itália tentou, sem sucesso) e isso ainda se reflete em diversos aspectos culturais da nação: além de preservar sua escrita única, o país tem um calendário próprio, que está oito anos atrás do resto do mundo (sim, o território se encontra hoje em 2006).

A sensação em Lalibela, entretanto, não é a de estar atrasado no tempo, mas em contato transcendente com o passado: entro na Bet Gyorgis e, em seu interior fracamente iluminado, encontro dois sacerdotes rezando em “ge´ez”, um idioma litúrgico que surgiu no Chifre da África há pelo menos 4.000 anos e que eu vinha buscando escutar desde o início de minha viagem.

Saio de dentro do templo com a certeza de que, na Etiópia, a fé é sólida e inesgotável como as igrejas de Lalibela – e é capaz de transformar simples turistas em emocionados peregrinos.

COMO IR

Do Brasil, é possível viajar à Etiópia fazendo escala na África do Sul, Turquia, Europa e Oriente Médio, com companhias como a South African Airways, Turkish Airlines, Lufthansa e Emirates. Hoje, porém, a maneira mais fácil é tomar um voo da Ethiopian Airlines no aeroporto de Guarulhos e ir até Adis Abeba (a capital etíope) em 13 horas, com uma rápida parada no Togo.

Em Adis Abeda, é fácil achar voos para Lalibela (a jornada dura cerca de uma hora). No entanto, se o turista estiver sedento por aventura (ou com o dinheiro curto), é possível pegar um ônibus em Adis e encarar uma epopeia de dois dias até a cidade sagrada, entre estradas tortuosas, ônibus caindo aos pedaços e muito poeira. As lindas paisagens do país  e a chance de interagir com os nativos  fazem a canseira valer a pena.

About Dina Barile

Recebi o título de Doutora em Viajologia, depois de viajar por 140 países e pisar em todos os continentes. Recebi um troféu do Rank Brasil, pois sou a primeira e única mulher brasileira a ter estado na ESTRATOSFERA. Experimentei a Culinária de todos os países por onde passei. Expert nos temas Turismo, Gastronomia e Beleza, convido todos os leitores para um Passeio Turístico e Gastronômico por todos os Continentes.

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