BARNUM – O REI DO SHOW discute inclusão e feminismo tendo o universo circense como pano de fundo

Com versão em português de Claudio Botelho , direção de Gustavo Barchilon , coreografia de Alonso Barros e direção musical de Thiago Gimenes , temos no elenco os talentos de Murilo Rosa para o papel-título e Kiara Sasso na poderosa Caridade – outros destaques são as atrizes Giulia Nadruz trazendo à vida a antagonista Jenny Lind , a Diva Menner no papel da mítica Joice Heth e o ator Matheus Paiva como Tom Thumb.

Com uma montagem sofisticada e divertidíssima, Barnum – O Rei do Show vem se destacando como o grande sucesso teatral na capital paulista, na retomada pós pandemia do Covid-19. Combinando linguagens para teatro musical e técnicas circenses, o produtor e diretor Gustavo Fiszman Barchilon numa brilhante concepção e adaptação incluindo temas como diversidade, inclusão e representatividade, reuniu um elenco extraordinário encabeçado por Murilo Rosa que além de mostrar vários talentos desconhecidos do grande público – como plantar bananeira, fazer palhaçadas, andar pela corda bamba, dançar e como se não bastasse ainda cantar muito bem, e tudo ao mesmo tempo! -, consegue, com uma energia inesgotável, tornar cativante um personagem controverso.

A história do Príncipe da Farsa (Príncipe da Tapeação) americano, Phineas Taylor Barnum , por muito tempo atraiu e produtores e produtores como um material adaptável para um musical, mas não foi até que Cy Coleman (com como músicas), Michael Stewart (letras ) e Marle Bramble (libreto) se reunissem, estreando então o musical Barnum , na Broadway, em 30 de abril, de 1980. A eles se juntou Joe Layton, que encontrou um modo de retratar a pitoresca vida do professor no palco. Sua solução: não ligar demais com a caracterização ou detalhes biográficos, simplesmente oferecendo o show com uma concepção totalmente circense com todo o elenco constantemente em movimento, fazendo acrobacias, palhaçadas, marchando, rodopiando e voando pelo ar.

O musical oferece um verdadeiro tour , fazendo-nos percorrer os pontos importantes da carreira de Barnum , de 1835 a 1880, quando o showman associou-se a James A. Bailey , para criar grandiosos espetáculos circenses que ele mesmo apelidou de “O Maior Espetáculo da Terra “ .

Protagonizando com Murilo Rosa temos Kiara Sasso voltando aos palcos em grande estilo como Charity , a esposa feminista de Barnum , que tem seus grandes momentos nos números Degrau Por Degrau (One Brick at A Time ) e na ótima interpretação de As Cores Que Eu Ganhei ( The Colors of My Mind), demonstrando equilíbrio e sensatez na construção de um personagem que poderia facilmente tender para algo mais cômodo.

O show nos faz lembrar das atrações dos espetáculos deste célebre iniciante circense como o circo de três picadeiros, e como lendárias exibições pega-trouxas como Jumbo , o maior elefante da Terra; Jenny Lind , que protagonizado por Giulia Nadruz mostra mais uma vez porque é uma das maiores atrizes do teatro musical brasileiro. Capaz de dar vida e nuances surpreendentes a qualquer papel que lhe caia em mãos, aqui não é diferente ao fazer a sedutora ‘Rouxinol Sueco’ de forma cativante, além de mostrar uma maturidade em seu canto legítimo , ou seja, uma voz legitimamente lírica, além de falar um fluente sueco! Outros grandes momentos do show cabem a Diva Manner , que mostra grande versatilidade tanto no papel da pretensa babá de 160 anos de idade, de George Washington , onde nos entrega a cativante canção Velha, Surda e Lelé (Graças a Deus estou velho) ou solando de forma jazzística e cheia de volúpia no número showstopper Black and White (reparem na transformação visual de Manner pelo visagismo espantoso de Dhiego Durso ); e sobretudo Tom Polegar , o menor homem do mundo, interpretado por Matheus Paiva , que no mágico e surpreendente número Esse Mundo É Todo Meu(Bigger Isn’t Better), uma ode à auto-estima, nos emociona com uma performance arrebatadora de canto, dança e sapateado, mostrando muito vigor e graciosidade, chegando aos aplausos em cena aberta à cada sessão. Thiago Machado , Bel Lima , Lucas Cândido e Marcos Lanza , em diversos papéis, nos brindam com sua vocação e timing para a comédia, os três últimos prestando uma homenagem hilariante, numa cena de proscênio, à arte da palhaçaria clown.

Cada detalhe técnico da peça merece um destaque especial, do foyer do Teatro Opus , que já faz o espectador entrar no clima circense ao bem cuidado programinha on-line, que se aproveita deste recurso (confira aqui  ) Sejam as precisas versões de Claudio Botelho que muitas vezes chegam a melhorar a letra original, ou as coreografias sempre muito inspiradas de Alonso Barros , que foi buscar em Bob Fosse , acrobacias circenses e inclusive fazendo uma auto referência de sua obra, no caso a histórico coreografia Uga Uga de Peter Pan, O Musical . O cenário de Rogério Falcão , de inspiração vitoriana , único e bem versátil, também contribui para o encantamento e refinamento do musical, dialogando com os figurinos lúdicos e radiantes de Fábio Namatame , acrescidos de caprichados desenho de luz de Maneco Quinderé e design de som de Tocko Michelazzo e entusiasmada direção musical de Thiago Gimenes .

Barnum é uma história tão fascinante que também inspirou o filme O Rei do Show (The Graeatest Showman, 2017), com Hugh Jackman . O espetáculo se mostra, mais de 40 anos após sua estreia na Broadway, um excelente divertimento para as famílias e uma importante contribuição para o teatro musical nesta retomada pós pandemia. Gustavo Barchilon dirigiu – e produziu juntamente com seu sócio Thiago Hofman , da BARHO Produções -, e Alonso Barros coreografou com uma teatralidade colorida e inventiva, um show sem cenários megalômanos e indubitavelmente com alma. A frase mais famosa de PTBarnum é: “Há um trouxa nascendo a cada minuto”, e, neste caso, trouxa será aquele que não for correndo atrás da banda , conferir este show!

Leia entrevista com o diretor / produtor de Barnum , Gustavo Barchilon , clicando neste link

Kiara Sasso como Caridade, Thiago Machado como Bailey, Murilo Rosa como Barnum
Diva Menner como Joice Heth e Giulia Nadruz como Jenny Lind
foto de Caio Gallucci

FICHA TÉCNICA

BARNUM – O REI DO SHOW

Direção Geral: Gustavo Barchilon
Versão Brasileira: Cláudio Botelho
Direção Musical: Thiago Gimenes
Coreografia: Alonso Barros
Figurino: Fábio Namatame
Cenógrafo: Rogério Falcão
Iluminador: Maneco Quinderé
Design de Som: Tocko Michelazzo
Visagismo: Dhiego Durso
Perucaria: Feliciano San Roman
Diretora Residente: Vanessa Costa
Coordenadora do Circo: Alessandra Abrantes
Instrutora de Circo: Cinthia Carvalho

Assistente de coreografia: Cecília Simões
Tradução: Cláudia Costa
Adaptação: Gustavo Barchilon

Murilo Rosa como Barnum
Kiara Sasso como Charity
Giulia Nadruz como Jenny Lind
Diva Menner como Joice Heth
Matheus Paiva como Tom Polegar
Thiago Machado como Bailey e Lyman
Marcos Lanza como Amos Scudder e Morissey
Bel Lima como Sra. Stratton
Lucas Cândido como Ourives

About Dina Barile

Recebi o título de Doutora em Viajologia, depois de viajar por 153 países e pisar em todos os continentes. Recebi um troféu do Rank Brasil, pois sou a primeira e única mulher brasileira a ter estado na ESTRATOSFERA. Experimentei a Culinária de todos os países por onde passei. Expert nos temas Turismo, Gastronomia e Beleza, convido todos os leitores para um Passeio Turístico e Gastronômico por todos os Continentes.

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