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Existem momentos em que lidamos com coisas novas na vida – seja voluntariamente ou porque fatores externos nos levam a isso. E, apesar da “novidade” ser interessante para alguns, para outros gerar ansiedade – especialmente quando ciclos anteriores encontraram expectativas frustradas… e isso pode ser negativo para se lidar com clareza com a nova fase.
Veja, quando há um pouco de tensão (chamarei de “tensão +”), do tipo que Mihaly Csikszentmihalyi chamou de flow e o que a psicologia esportiva chama de estar in the zone, isso é ótimo para estímulo de foco, atenção e produtividade. Por outro lado, muita tensão (denominarei de “tensão –“), e especialmente quando de forma crônica, traz estresse, ativação do sistema límbico e a consequente queda das funções executivas, relativas à atenção, à análise, planejamento, tomada de decisão, inibição de impulsos, entre outros, sem contar que no longo prazo pode haver morte de neurônios. Além disso, enquanto a “tensão +” gera energia e motivação, a “tensão-” causa desgaste e exaustão.
E justamente porque lidaremos com novidades a vida toda, é importante saber como gerenciar a questão emocional, certo? Para isso trago duas dicas que talvez não sejam tão simples, mas com a prática dos 4Cs (consciência, consistência, cadência, coração), para colher benefícios no médio/longo prazo que valerão muito a pena.
Dica 1: O que todo líder precisa desenvolver – autoconhecimento e autogerenciamento.
Ansiedade é a projeção negativa e geralmente inconsciente do futuro. Infelizmente, quando ela vem, podemos ficar paralisados se não houver uma intervenção proativa. Quem nunca, não é mesmo?
Assim, ao perceber os primeiros sinais de tensão – (que podem atingir até o físico), a primeira movimentação é entender que nessa hora nossas funções executivas não estão em seu melhor estado, e por isso temos de agir intencionalmente as ativando. Agindo dessa forma transferiremos para elas a energia que até então foi “sequestrada” pelo sistema límbico (esses dois sistemas funcionam como uma gangorra).
E como fazer? Sentiu a pressão? Pare, dê nome para o que se está sentindo (que já é muitas vezes difícil), entenda o que está por trás do que sente (igual ou mais difícil do que nomear) e questione aquilo – seja sozinho ou com a ajuda de alguém. Valem perguntas como: Será que isso é real? Será um medo do futuro baseado no meu passado? Será que olho o copo meio vazio ou invés de meio cheio? Do que tento me defender?
Parece um movimento simples demais para ajudar, né? Acredite… é extremamente eficaz!
Dica 2: Otimismo.
Um comportamento percebido em grandes líderes é a escolha pelo otimismo frente aos desafios. E não se trata do otimismo sonhador que “abraça árvores” e acha tudo lindo, com uma visão simplista das coisas. Falo daquele otimismo que a pessoa, depois de analisar, estudar e projetar prefere ter. Escolhe acreditar que as chances de sucesso são maiores que as de fracasso. E isso tem um efeito muito importante para a motivação e energia do cérebro, além de ampliar a visão e aumentar a chance de surgirem novas ideias, tomar melhores decisões e ajustes mais eficazes. É mais ou menos assim… mesmo sabendo que algo pode dar errado e me preparando para lidar com riscos, decido confiar que as coisas darão certo.
E, pra sermos otimistas, uma das percepções que a neurociência mostra é que a fé pode ajudar. Pois é… fé. Acredita? O ser humano é integral e há muitas coisas que, sendo tão subjetivas, podem impactar muito em coisas bem objetivas… A fé é definitivamente uma delas, conforme mostram constantes experimentos de imagens realizados por ressonância magnética funcional, que revelam regiões e funções ativadas no cérebro quando alguém ora ou medita.
Acreditar que há propósitos maiores dos quais fazemos parte, crer que alguém, ou alguma coisa, está lá por você e que existe um plano superior para a sua vida, pode ajudar muito na ansiedade. E isso tem comprovação científica.
Pare agora pra pensar na sua própria vida. Identifique momentos em que poderá aplicar essas dicas… e aproveite!
É isso aí.
*Juliana de Lacerda Camargo tem mais de 20 anos de experiência profissional com pessoas, gestão e liderança. Sócia fundadora da R122, atua como Profissional de Desenvolvimento, Trainer e Palestrante. Managing Partner do capítulo Brasil da Coaching4Today’s Leaders (C4TL/EUA). Credenciada pela Coach Federation (PCC/ICF). Certificada por diversos cursos de formação e extensão em Coaching no Brasil e EUA, além de extensão em Neuropsicologia pela PUC/SP. Também é autora dos livros “Comunicação que transforma” e “Avançando para o alvo: um guia prático para definir e avançar os seus objetivos.
