Jennifer Lawrence é sucesso com as franquias X-Men (3 filmes) e Jogos Vorazes (4 filmes). Mas foi com produções como O Lado bom da Vida (que rendeu a vitória no Oscar), Trapaça (2013) e Joy: O Nome do Sucesso (2015), que a atriz se mostrou uma talento capaz de arrastar multidões para os cinemas como poucos.
Já Pratt, de gordinho em comédias, foi resgatado pela Marvel / Disney para se tornar um herói de ação sarado e permear os sonhos das (e dos) adolescentes. O filme era Guardiões da Galáxia (2014), obra que mostraria ao mundo o potencial do novo adorável canalha do cinema. Desde então, Pratt foi visto nos sucessos Jurassic World (2015) e Sete Homens e um Destino (2016). E esse ano tem Guardiões Vol 2.
Na trama, centenas de pessoas viajam pelo espaço a fim de colonizar um novo planeta, uma espécie de segunda Terra. Esse cruzeiro de luxo é caro, e dividido em classes econômicas, com vídeo games, filmes, academia, comida, é um verdadeiro paraíso.
Além disso, a viagem é longa e dura uns 120 anos, só sendo possível para os tripulantes realizar essa transição em criogenia (aquele sono profundo no qual não se envelhece, que conhecemos bem de produções do gênero). A trama começa a girar quando após um incidente, a câmara contendo o protagonista Jim Preston (Pratt) abre trinta anos antes do tempo.
E agora? O que resta ao nosso intrépido herói? Passar o resto de sua existência neste transatlântico de luxo, usufruindo de toda tecnologia que o colosso tem a lhe oferecer, sozinho, e sem nunca conseguir botar os pés no novo planeta – já que até a espaçonave chegar a seu destino final, o sujeito terá provavelmente morrido de idade avançada. Bom, isso é, até outra câmara dar defeito e dela sair a estonteante Aurora Lane (Lawrence).
A esta altura vale mencionar as mentes pensantes por trás do projeto: o roteirista Jon Spaihts (Doutor Estranho e Prometheus e o diretor norueguês Morten Tyldum (Headhunters), indicado ao Oscar por O Jogo da Imitação (2014). A história captura de imediato nossa atenção e mistura na trama suspense, drama, romance, certo humor e adrenalina, em doses equilibradas. A direção de Tyldum é enérgica e mantém um bom ritmo, fazendo de “Passageiros” um dos entretenimentos mais ofuscantes deste início de ano. Tudo é belo visualmente, brilha e ecoa magnitude. Esta é uma produção esplendorosa, que destaca sua direção de arte, figurinos, fotografia e maquiagem, remetendo às grandiosas produções da era de ouro de Hollywood.
“Passageiros” talvez careça da importância existencialista que a obra poderia ter, mas de qualquer forma levanta questões suficientes para dar substância a um produto voltado e vendido para as massas sem entediar o público disperso que lota as salas dos multiplex de shopping. A química entre os protagonistas está lá e funciona. Pratt está mais contido do que o habitual, arriscando momentos um pouco mais dramáticos e Lawrence igualmente mantém uma nota mais baixa em sua costumeira extravagância performática.
Completando o elenco principal, temos o sempre ótimo Michael Sheen num papel curioso. “Passageiros” é um espetáculo visual, divertido e que acerta em todas as notas, levantando as questões necessárias, sem esquecer detalhes adereçados pelo roteiro.