QUEDA DA BALEIA, encenada na capela de um cemitério em São Paulo, estreia no dia 12 de setembro

Solo de Bruna Longo, com codireção de Vitor Julian, propõe reflexão sobre o tabu da morte na vida cotidiana

A atriz, dramaturga e diretora Bruna Longo parte de sua experiência íntima com o falecimento de seu pai para propor uma reflexão sobre o tabu da morte no solo Queda de Baleia ou Canto para Dançar com a Minha Morte.  O espetáculo, que tem co-direção de Vitor Julian, tem sua temporada de estreia na capela do Cemitério do Redentor, no Sumaré, de 12 de setembro a 26 de outubro, com apresentações de sexta a domingo, sempre às 19h.

E, para discutir esse tema tão humano e tão inescapável, a atriz imagina a própria morte. Na trama, ela acaba de morrer e procura elaborar o luto de si mesma, enquanto propõe uma reflexão sobre a relação humana com a finitude, o processo de eliminação do rito fúnebre nas sociedades capitalistas ocidentais, o medo, o silêncio e a negação da morte.

“Os adultos atormentados 

pela ansiedade da morte 

não são pássaros estranhos 

que contraíram alguma doença exótica, 

mas homens e mulheres cuja família e cultura 

falharam em tricotar as roupas protetoras adequadas 

para que resistissem ao frio gelado da mortalidade”.

(Irvin Yalom, Psiquiatra)

A dramaturgia por Bruna Longo

“Dia 26 de julho de 2022, às 01:52 da manhã, meu pai morreu. Ao meio-dia seguinte iniciou-se o velório. Às 16:00 seu corpo foi colocado dentro do jazigo da família no cemitério do Araçá, em São Paulo, capital. 

O que se seguiu foram dias de burocracias em bancos, cartórios, seguros. Dias que viraram semanas, meses. Nenhum convite a qualquer rito de passagem de uma realidade a outra. De filha a órfã. Todos os paradigmas mudaram subitamente. Nenhum tempo ou espaço para a elaboração. Nada. Não venho de uma família com crenças religiosas. Sou atéia, materialista. Não via, de imediato, nenhum caminho satisfatório para a elaboração da maior dor que já senti na vida. 

Dois dias depois da morte do meu pai, passei a usar o barro desse luto como material para meu trabalho. Iniciei o único caminho que a mim parecia possível para essa elaboração. Meu templo é o teatro, minha liturgia é a pesquisa artística, minha reza é a dramaturgia. E esse é o germe deste espetáculo. 

A morte é, para nós ocidentais, talvez o último intransponível tabu. Não falamos sobre ela. Não sabemos lidar com ela. No entanto, ela é também a única certeza inexorável. Num período histórico em que guerras, tragédias coletivas, violência, epidemias e pandemias são noticiadas em tempo real como nunca fora possível, e que a indústria cultural capitaliza em cima desses temas com espetacularização, a morte cotidiana se transformou em um assunto velado. 

O processo de morte foi higienizado, burocratizado. O avanço da ciência e da medicina prolongou nossas vidas, mas também mudou a forma como morremos. Não se morre mais em casa, mas em hospitais – lugares onde busca-se vencer a morte, muitas vezes prolongando o inevitável. Ritos fúnebres são cada vez mais rápidos, padronizados e industrializados – com o boom de cremações comerciais. 

A hipervalorização da juventude não quer nos deixar lembrar que morremos. Nós, homo sapiens sapiens. Sempre esquecemos o último sapiens do nosso gênero. Somos humanos que não só sabemos, mas sabemos que sabemos. Para muitos historiadores e antropólogos, o nascimento da cultura humana como a entendemos está ligado ao luto. 

A morte inspirou os primeiros ritos humanos, os primeiros hieróglifos, as primeiras histórias contadas em volta da fogueira. O nascimento da filosofia, da religião, da arte. Elaborar o luto inaugura quem somos, e, ao renunciarmos a isso, renunciamos a uma angústia metafísica essencial. Não falar da morte não a afasta, apenas a torna mais temerosa.”

Ficha Técnica

Direção, elenco, dramaturgia, cenografia, figurinos: Bruna Longo

Co-Direção e provocações dramatúrgicas: Vitor Julian

Provocações estéticas (figurinos e cenografia): Kleber Montanheiro

Visagismo: Fabia Mirassos

Sapatos: Marcos Valadão

Desenho de Luz: Gabriele Souza

Esqueleto de baleia: Paul Zanon

Cenotécnica: Evas Carreteiro

Provocações de movimento: Paula D’Ajello

Provocações de Kung Fu: Daniel Fusco

Preparação vocal: Jessé Scarpellini 

Trilha sonora incidental: L.P. Daniel

Direção de Produção: Paula Malfatti  

Ilustrações: Victor Grizzo

Fotos: Danilo Apoena

Sinopse

Bruna Longo acaba de morrer e procura elaborar o luto de si mesma – a única coisa que não podemos fazer empiricamente – enquanto reflete sobre a relação humana com a finitude, o tabu da morte na vida cotidiana e o processo de eliminação do rito fúnebre nas sociedades capitalistas ocidentais. O espetáculo é inspirado na morte recente do pai da atriz.

Serviço

Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte

Temporada: 12 de setembro a 26 de outubro de 2025

De sexta a domingo, sempre às 19h

Capela do Cemitério do Redentor Av. Dr. Arnaldo, 1105 – Sumaré, São Paulo – SP, 01255-000

Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)

Vendas online em Sympla 

Duração: 80 minutos

Classificação: 12 ano

Crédito: Danilo Apoena

About Dina Barile

Recebi o título de Doutora em Viajologia, depois de viajar por 153 países e pisar em todos os continentes. Recebi um troféu do Rank Brasil, pois sou a primeira e única mulher brasileira a ter estado na ESTRATOSFERA. Experimentei a Culinária de todos os países por onde passei. Expert nos temas Turismo, Gastronomia e Beleza, convido todos os leitores para um Passeio Turístico e Gastronômico por todos os Continentes.

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