Saiba tudo sobre a nova série da GLOBO ‘Sob Pressão’

A sirene da ambulância anuncia mais um dia de grandes desafios para a equipe médica de um hospital público do Rio de Janeiro. Entre um paciente e outro, eles tentam superar os obstáculos constantes do ambiente caótico de uma emergência do subúrbio carioca e ultrapassam todos os limites para manter os pacientes vivos em um hospital onde tudo falta. À flor da pele estão as próprias angústias e os dramas pessoais daqueles que chegam em busca de ajuda. O desejo de salvar vidas é o que move os profissionais de ‘Sob Pressão’, série médica genuinamente brasileira, uma coprodução da Globo com a Conspiração, com estreia prevista para 25 de julho, na Globo e exibição do primeiro episódio pelo Globo Play no dia 18 de julho.

E é em meio a essa batalha diária que duas vidas atormentadas pelos fantasmas do passado encontram, uma na outra, a cura para?suas?almas?doentes. De um lado, o cético Dr. Evandro (Julio Andrade), cirurgião-chefe da equipe médica, um profissional de talento incomparável, viciado no trabalho e em remédios. Deprimido, ele ainda não superou a perda da esposa Madalena (Natália Lage), que?morreu?no seu turno,?em uma?cirurgia?de emergência.?Logo ele, que havia se imposto um desafio: “Ninguém morre no meu plantão”. Madalena acabou virando mais uma das marcas que Evandro faz com um bisturi na porta de uma sala do hospital a cada pessoa que não consegue salvar. E essa dor parece ser impossível superar.

Do outro lado, a religiosa e eficiente Dra. Carolina (Marjorie Estiano), cirurgiã vascular que?busca na?fé o antídoto contra toda miséria que enfrenta no dia a dia.?Ela, que acredita na bondade e na solidariedade humana, carrega feridas que nunca cicatrizam. São marcas que ela mesma faz no corpo e que a lembram diariamente dos traumas que a acompanham desde a infância.

Ao lado da dupla de médicos, outros profissionais de igual talento se juntam no desafio pesado do cotidiano da equipe. Décio (Bruno Garcia), o clínico-geral, é justo, comprometido com seu trabalho, solícito e muito amável, mas revela pouco sobre si, já que a sua intimidade é guardada a sete chaves. Diferente dele, o anestesista Amir (Orã Figueiredo) não consegue esconder o romance duplo em que se meteu. Suas duas noivas, Liliana (Renata Gaspar) e Violeta (Leticia Isnard), lhe tomam todo o tempo que resta fora do trabalho, tornando sua vida pessoal tão complexa quanto sua profissão. Charles (Pablo Sanábio) é o médico residente da equipe. Tem poucos anos de carreira, mas já conhece técnicas criativas que driblam as dificuldades de uma emergência pública. Rafael (Tatsu Carvalho) é o neurocirurgião. Com ar misterioso, ele aparenta esconder um grande segredo que pode mudar os rumos da sua vida profissional e pessoal. Jaqueline (Heloisa Jorge), a enfermeira, e Kelly (Talita Castro), a técnica de enfermagem, auxiliam os médicos durante o plantão e se dedicam a oferecer o máximo de conforto aos pacientes que chegam ali, mesmo que isso pareça ser impossível. Rosa (Josie Antelo) é a recepcionista do pronto-socorro e Cabo Santos (Alexandre David) é o vigilante. Juntos, eles são responsáveis pela ordem do lugar e a segurança de todos.

A administração do local e a coordenação desses profissionais que vivem sob pressão não são fáceis. Samuel (Stepan Necerssian), o diretor do hospital, precisa “dançar conforme a música”.? Há até quem diga que ele é conivente com a corrupção, mas seu principal desafio é garantir o material e a infraestrutura necessária para manter o funcionamento da unidade, custe o que custar. Apesar de sua desenvoltura nas negociações e das inúmeras limitações que ele precisa superar, nem sempre consegue fornecer o suficiente para a sobrevivência dos doentes e a sanidade da sua equipe.

É diante deste cenário que todos os cirurgiões juntos – cada um com a sua especialização e as diversas particularidades – formam uma equipe de médicos-heróis dispostos a tudo para ajudar a quem precisa, oferecendo esperança aos que chegam por ali diariamente entre a vida e a morte.

Com direção geral de Andrucha Waddington e direção de Mini Kerti, a série ‘Sob Pressão’ é fruto do longa-metragem de Andrucha Waddington de mesmo nome, e é uma coprodução da Globo com a Conspiração, criada por Luiz Noronha, Claudio Torres e Renato Fagundes a partir de uma ideia original de Mini Kerti, livremente inspirada no livro “Sob Pressão – A rotina de guerra de um médico brasileiro”, escrito por Marcio Maranhão. Uma série de Jorge Furtado, que escreve os episódios com Lucas Paraizo, Antonio Prata e Márcio Alemão, e conta com a consultoria médica de Marcio Maranhão.

Evandro e Carolina, um amor inesperado

Em meio a casos complexos e dilemas éticos, Dr. Evandro (Julio Andrade) e Dra. Carolina (Marjorie Estiano) se aproximam e, apesar das diferenças, tentam encontrar o equilíbrio entre?as dificuldades do ofício?e os conflitos íntimos?para enfrentar a rotina pesada em que vivem. Após a perda da esposa, Evandro não dorme direito, mal se alimenta e carrega, junto à profunda tristeza, a responsabilidade de salvar vidas. O mesmo sentimento em relação à profissão move Carolina, que ainda sente as consequências de um trauma sofrido na infância.

O dilema entre fé e a ciência traz embates profissionais e pessoais que podem abalar o relacionamento da dupla de médicos, mas também desperta o interesse de um pelo outro. “A Carolina foi uma surpresa, porque o Evandro não estava esperando nem procurando outro amor. Mesmo com as diferenças muito marcantes entre eles, ele se interessa por ela. O Evandro é mais cético e a Carolina é religiosa. Isso gera um conflito diante de algumas situações, é claro, mas eles também têm muita coisa em comum”, avalia Julio Andrade.

O romance parece fluir bem, apesar das divergências inerentes ao posicionamento de cada um. Independentemente da fé que sempre acompanha Carolina, são as marcas pelo seu corpo que mostram o real sentimento da médica em relação à vida. “Esse mecanismo da Carolina é uma forma que ela encontrou de manifestar uma angústia mental e psicológica. É através disso que ela se apazigua. Ela recorre à autoflagelação quando não dá conta das coisas que acontecem com ela. É como ela extravasa seus sentimentos e tira o foco daquilo que não consegue superar”, explica Marjorie, que se baseou em diversas pesquisas para compor a faceta obscura da personagem.

As cicatrizes da médica intrigam ainda mais Evandro, que insiste em decifrar as marcas ocultas, porém não escondidas da cirurgiã vascular. Ao longo dos episódios, o romance vai passar por altos e baixos, entre um embate e outro, sempre em meio a inúmeras angústias.

Pelos corredores do hospital 

Histórias trágicas e dramas pessoais?dos pacientes?se intensificam pelos corredores do hospital e são potencializados pela urgência com a qual se impõem. A cada episódio, temas que retratam a realidade do Brasil vão desafiar a equipe chefiada pelo cirurgião Evandro (Julio Andrade). E para dar vida a esses dramas, nomes de peso integram as participações especiais da série, como Carla Ribas, Matheus Natchergaele, Kiko Mascarenhas, Ivone Hoffman, Fernando Eiras, Soraya Ravenle, Laila Garin, Angela Rabelo, Camila Amado, Amir Haddad, Zezé Mota, Monarco, Paulo Miklos, Bruna Griphão, entre outros.

Os casos que inspiraram os episódios foram levantados a partir de uma imersão do autor Jorge Furtado, ao lado dos roteiristas Lucas Paraizo, Marcio Alemão e Antonio Prata, no sistema público de saúde do Rio de Janeiro, além de encontros e conversas com o médico Marcio Maranhão, consultor nas gravações e autor do livro que também inspirou a série.

A participação de Marcio e sua equipe nas gravações, aliás, garante que a parte técnica da Medicina caminhe ao lado da dramaturgia. O médico auxilia elenco, direção e produção no manuseio dos instrumentos e na supervisão dos procedimentos, trabalhando em parceria com a direção. Marcio fez ainda uma participação especial na série.

“Uma característica muito forte da série é o drama dos pacientes. No hospital, todos os dias chegam ambulâncias de onde saem histórias de vida. A vida pessoal desses pacientes, misturada às questões particulares dos médicos e o envolvimento deles com os doentes é o que constrói o drama da série”, pontua Jorge Furtado.?Os casos inspirados em fatos reais abordados na trama também desempenham um papel de utilidade pública, na opinião dos realizadores. “Fizemos uma coletânea de histórias que se passam na rotina dos hospitais públicos e cujo debate pela sociedade é de extrema importância. Falamos de abuso, suicídio, Aids, destrato, descaso, negligência, entre outros temas”, adianta Andrucha Waddington. “Ser médico é um grande privilégio. No Brasil, este privilégio é ainda maior. O médico é um agente transformador da sociedade. Ele tem a capacidade e a responsabilidade de interferir positivamente na vida das pessoas. Educa, previne, cuida, trata, orienta e acolhe. São ações comuns à profissão médica e ao exercício da cidadania”, exalta Marcio Maranhão.

O abandono de pacientes, principalmente idosos, também é retratado na série. É o caso de Seu Rivaldo (Emiliano Queiroz), que deu entrada no hospital e por ali ficou. A fim de manter o alento, um lugar para dormir e ter a companhia das pessoas, Rivaldo se nega, inclusive, a se afastar do seu leito. O medo de perder sua maca para outro paciente o impede de praticar a atividade física recomendada pelo Dr. Evandro (Julio Andrade). Este, por sua vez, se recusa a dar alta para o idoso, apesar da insistência de Samuel (Stepan Necerssian) em liberar uma vaga na internação. Sua permanência no local o torna um grande entendedor da vida alheia. E é com Dona Noêmia (Angela Leal), responsável pela cantina, com quem ele compartilha o que escuta e troca informações. Ela, além de ficar de olho em tudo ao seu redor, se preocupa também com a alimentação dos médicos, que vivem na correria e esquecem de comer entre um atendimento e outro.

Uma produção com a crueza da realidade

Um cenário real é a locação escolhida para retratar o sistema de saúde público do Rio de Janeiro em ‘Sob Pressão’. Uma parte desativada do Hospital Nossa Senhora das Dores, em Cascadura, no Rio de Janeiro, foi usada para a gravação das cenas tanto do filme quanto da série. “Estávamos procurando locações para o longa e, quando chegamos lá, decidimos em 10 minutos. O lugar era incrível para o que precisávamos”, revela Rafael Targat, diretor de arte responsável pela série, que também atuou no filme.

Diferentemente do longa, que teve todas as cenas rodadas no local, 75% das cenas da série foram realizadas lá. O restante se divide em outras locações externas, onde se passam as situações da vida pessoal da equipe médica. “A casa de Evandro (Julio Andrade) e Carolina (Marjorie Estiano), por exemplo, precisava também desse toque realista, mas não podia ser tão degradante como o hospital”, diferencia Targat.? Para ele, uma das facilidades do set principal é poder manter a organização cenográfica, além de alguns detalhes de arquitetura e a conexão natural entre os ambientes, que têm certa proximidade. “Como o Andrucha (Waddington) gosta de gravar em plano sequência, era importante ter essa conexão fácil entre os ambientes”, explica.

A produção de arte foi o maior desafio da equipe liderada por Rafael Targat e merece destaque, já que o material hospitalar é muito específico. “Contratamos dois instrumentadores para conseguir levantar esse material todo. Além disso, ainda precisamos produzir adereços de alguns equipamentos que não conseguimos alugar, como o aparelho de encefalograma, que faz uma radiografia do crânio, por exemplo”, destaca.

Em paralelo ao trabalho de arte, para traduzir a personalidade dos profissionais que integram o ambiente caótico da emergência de ‘Sob Pressão’, a equipe de figurinistas criou um guarda-roupa simples, de segunda mão, com cores esmaecidas, lavadas e discretas.?O Evandro (Julio Andrade), por exemplo, quando não está no trabalho, usa roupas escuras, combinando com o peso do protagonista. Já a Dra. Carolina (Marjorie Estiano) se veste com tons terrosos, em contraste às cores azuladas e verdes da unidade de saúde. “Quando não foi possível ter as?roupas usadas, mandei envelhecer, tingindo e lixando. Não queria que nada parecesse novo”, revela o figurinista Marcelo Pies. Tudo isso sem esquecer os jalecos, os ‘pijamas’ e os capotes que integram o vestuário médico e fazem parte do cotidiano dos que trabalham salvando vidas.

A simplicidade se mantém ainda na caracterização dos personagens. “Todos têm uma aparência bem natural, alguns bem cansados, principalmente os médicos. As mulheres nunca aparecem com maquiagem”, conta Mariah Freitas, caracterizadora. Dentre os grandes desafios da caracterização estão as feridas dos pacientes e também as marcas pelo corpo da Dra. Carolina, (Marjorie Estiano). “Levávamos em média 50 minutos para fazer, pois a personagem tem mais ou menos 35 pequenos queloides”, enumera Mariah.

Ações e programação especial no lançamento da série

Para o lançamento de ‘Sob Pressão’, será realizada uma programação especial e diversas ações que envolvem o tema do dia a dia dos médicos em emergências públicas brasileiras. Estão previstos quadro no ‘Fantástico’; a exibição do filme ‘Sob Pressão’ no ‘Tela Quente’; uma série de reportagens no ‘Como Será?’ e uma nova edição da plataforma ‘REP: repercutindo ideias’, que estará disponível nos perfis oficiais da Globo nas redes sociais.

No dia 10 de julho, o ‘Tela Quente’ exibe o longa-metragem ‘Sob Pressão’, de Andrucha Waddington, que?mostra um dia tenso do Dr. Evandro (Julio Andrade) na emergência, na sala de trauma e no centro cirúrgico de um hospital público do Rio de Janeiro.? No filme, o cirurgião e sua equipe se veem diante de três casos que requerem cirurgias de risco envolvendo um traficante, um policial militar e uma criança de família rica, todos feridos durante um tiroteio. Enfrentando a urgência, as condições limitadas do hospital e a pressão de parentes e outras pessoas ligadas aos pacientes, Dr. Evandro vai precisar fazer escolhas difíceis. Com argumento de?Luiz Noronha, Claudio Torres, Renato Fagundes e Mini Kerti, com direção deAndrucha Waddington, o filme ‘Sob Pressão’ inspirou a produção da série de mesmo nome e tem no elenco Marjorie Estiano, como Dra Carolina, Ícaro Silva, como Dr. Paulo, Andrea Beltrão, como Ana Lúcia, a administradora do hospital e Stepan Nercessian, como Dr. Samuel, diretor do hospital.

No dia 22, é a vez de ‘SOS SUS’, uma série de reportagens do ‘Como Será’ sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), cujo objetivo é mostrar a importância, abrangência e desafios do sistema através de experiências que deram certo em diferentes cidades brasileiras.

Já no dia 23, o Dr. Dráuzio Varella inicia sua visita pelas emergências de hospitais públicos em busca de médicos-heróis e mostra, a cada semana, no ‘Fantástico’ a realidade e as dificuldades que as equipes médicas enfrentam no cotidiano. Serão quatro episódios com temas diferentes, como a precariedade de emergências, a falta de material nas unidades de saúde públicas, as dificuldades em hospitais obstétricos, além de doação de órgãos e hospitais veterinários, dois temas que também serão abordados na série.

Em paralelo, relatos da prática médica em emergências serão tema de ‘Médicos Sob Pressão’, a nova edição da plataforma ‘REP: repercutindo ideias’, criada para ouvir a contribuição das pessoas sobre temas de interesse social. Nove profissionais gravaram seus depoimentos a partir de experiências pessoais nas emergências de hospitais públicos. Os vídeos de 1 minuto estarão disponíveis nos perfis oficiais da Globo nas redes sociais e serão exibidos nos intervalos da série. Versões estendidas ficarão disponíveis no canal da Globo no Youtube e no site de Responsabilidade Social da emissora. (http://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/)

‘Sob Pressão’ terá ainda os episódios disponíveis em?digital first, permitindo que os assinantes do Globo Play possam acompanhar os episódios uma semana antes de ir ao ar na TV.

Entrevista com o autor Jorge Furtado

Que história ‘Sob Pressão’ pretende contar?

A? série conta uma história realista de urgência, de vida e morte. Conta a história dos médicos, da equipe e a integração entre eles dentro daquele cenário, que é o hospital público no subúrbio do Rio de Janeiro. E de cada um dos personagens, principalmente, é claro, dos dois protagonistas, que, na série, desenvolvem uma relação. O curioso é que os dois personagens são praticamente inimigos de si mesmos: o Evandro (Julio Andrade) vive com o fantasma de uma morte. Carolina (Marjorie Estiano) sofreu um trauma na infância e lida com as consequências disso ainda hoje. O ápice dos dois é a resolução desses fantasmas internos.

Como foi o trabalho de pesquisa das histórias que inspiram a trama?

Todas as histórias dos pacientes que estão na série vieram de casos reais. Surgiram de conversas com Marcio Maranhão, de muita leitura e de visitas a hospitais para fazer laboratório e levantar informações.?A história mais incrível que descobrimos foi a de uma mulher com uma bala de fuzil no coração. O mais interessante foi quando perguntamos para os médicos como essa mulher sobreviveu. A resposta: ‘não fazemos a menor ideia’. Para criar essas histórias, visitamos muitos hospitais e esse laboratório nos inspirou bastante. Havia dias em que saíamos com mais de dez histórias para a série.?O que mais visitamos foi o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. Fomos também ao Alberto Torres, em São Gonçalo, que é uma referência.

Como você enxerga esse realismo – que vocês trouxeram dos hospitais da cidade – nas cenas da série?

O Andrucha (Waddington) é muito perfeccionista. O tempo de filmagem de uma cirurgia, por exemplo, é feito com muito cuidado. Tem ainda as próteses que ele mandou fazer. É tudo muito realista, inclusive a locação. O fato de ser filmado em um hospital de verdade faz toda a diferença.? Nosso compromisso é sempre equilibrar o drama com a esperança, mostrando o trabalho dos médicos. O quanto esses profissionais fazem para tentar salvar um paciente frente a todas as dificuldades.

Você costuma definir a série como “uma série médica genuinamente brasileira”. Fale mais sobre o que diferencia ‘Sob Pressão’ das outras séries médicas.

Não é uma série em que o médico investiga uma doença. Não é isso. A doença é a bala no peito. O foco principal é o drama pessoal desses médicos tendo como pano de fundo a realidade e a dor dos pacientes. A série trata de nossas carências e das nossas realidades.?‘Sob Pressão’ tem uma função importante de serviço público: use camisinha, a Aids está voltando, não dirija alcoolizado, use capacete…

Você chegou a cursar Medicina. Por que não seguiu na carreira? Como isso influencia na sua relação com a série?

Estudei Medicina por quatro anos, em 1977. Mas decidi deixar a profissão porque não tinha vocação. Quando chega ao quarto ano, que é o período em que se fica mais no hospital, você vê pessoas todo dia morrendo na sua frente. Mas gostei desse desafio da série, até porque já conhecia o ambiente. Em um de nossos laboratórios, teve um dia em que estávamos num hospital e havia uma criança morrendo de dor na sala de espera. O Marcio?(Maranhão)?examinou e disse que devia ser apendicite. Então, ele falou com os médicos e perguntou por que não passavam à frente. E o médico respondeu: “não temos compressa de algodão”. Vi o menino pedindo que fizéssemos alguma coisa e entendi que o nosso papel é fazer televisão.

Um ponto forte na série é o confronto entre Fé e Ciência. Por que Evandro (Julio Andrade) não aceita a morte?

Acho importante essa questão da religião na série.?Faltava uma dramaturgia que mostrasse gente que tem fé. E está cientificamente comprovado que pessoas de fé têm mais chance de se curar. Isso está na estatística. Evandro é ateu. Não acreditava muito em Deus, o que se agravou quando a mulher morreu. Já Carolina (Marjorie Estiano) é uma médica muito religiosa que, obviamente, entende esse limite.? No caso do Evandro, que tem como bordão ‘ninguém morre em meu plantão’, a angústia do personagem é exatamente não esquecer a perda da mulher, que morreu em sua mesa de cirurgia. Ele tenta não deixar morrer ninguém, mas às vezes morre, e ele não consegue esquecer.

Entrevista com o diretor Andrucha Waddington

Como surgiu a ideia da série?

É uma longa história. Existia uma ideia de série criada pela Conspiração que partiu de uma ideia original da Mini Kerti e que estava sendo desenvolvida pelo Claudio Torres, Luiz Noronha e Renato Fagundes, mas que acabou não sendo feita. O primeiro episódio desse material deu origem ao filme, que já recebeu a consultoria do Dr. Marcio Maranhão, autor do livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro”. A partir do longa-metragem, o Jorge Furtado começou a trabalhar no roteiro da série, junto com a equipe de roteiristas formada por Lucas Paraizo, Antonio Prata e Marcio Alemão. Foi um caminho longo, porque essa primeira ideia de série estava engavetada havia seis ou sete anos. Está sendo uma parceria maravilhosa.

Que diferenciais da série ‘Sob Pressão’ você destaca em relação ao filme, que também teve a sua direção? Como você define a trama da série?

O filme abordava apenas um dia dentro da vida de um hospital, sem se aprofundar nos personagens. Era quase um retrato de um plantão. Já a série abre para a vida pessoal dos personagens. Cada um com seus dramas pessoais.?Acredito que a saúde pública seja o pano de fundo e o foco principal seja o drama de quem precisa da saúde. A série busca mostrar o retrato da situação da saúde por meio do olhar dos médicos, já que é a partir desses profissionais que entendemos as dificuldades e as formas que eles encontram para lutar pela vida dos pacientes.?São eles que lutam para manter o hospital funcionando. Eles se entregam à causa, em meio a todas as dificuldades, para continuar.

O que distingue ‘Sob Pressão’ das séries médicas a que o público está acostumado?

Não me lembro de nenhuma série médica que tenha uma pegada realista como a que estamos fazendo aqui no Brasil. Estamos fazendo um material esculpido para a nossa realidade, feito a partir de muita pesquisa de campo. O legal da série é que a gente traz o público para o debate. A ideia não é denunciar, mas fazer um retrato da realidade. E Evandro (Julio Andrade) tem essa pegada de “cirurgião?MacGyver”. Ele faz “milagre”. No primeiro episódio,?ele usa uma mangueira de jardim para fazer um dreno porque acabaram os do hospital.

Qual a importância do drama pessoal dos pacientes para a construção da trama, na sua opinião?

A estrutura da série é formada por um elenco fixo de médicos que seguram aquele hospital, apesar da precariedade. E, a cada episódio, haverá de um a quatro dramas que são abordados e que se encerram no próprio episódio. Quem não viu todos, não se sente perdido, porque tem uma história com começo meio e fim a cada exibição. E tem o arco todo da série, que permite acompanhar a evolução dos personagens, que são os médicos do hospital.

Como foi o processo de escolha das locações?

O hospital recebeu 75% das gravações da série. Algumas cenas estão sendo gravadas fora da locação principal, como o julgamento do Evandro (Julio Andrade), por exemplo, que foi gravado na Ilha do Governador. Temos cenas também que acontecem no apartamento do Evandro, no cemitério, em um hospital moderno, entre outras.? Foi durante a nossa pesquisa pela locação do filme que descobrimos o?Hospital Nossa Senhora das Dores, que tinha a estrutura perfeita para gravar e que só funciona com 20% de sua capacidade. Eles têm uma grande ala desocupada e a nossa locação não atrapalhou em nada o funcionamento do hospital.

A série aborda diversas questões sociais do país. Qual a importância de levantar esses temas?

O Jorge Furtado usa uma frase muito boa sobre a série e se referindo aos pacientes: ‘Não precisa apresentar o personagem. Ele já chega com seu drama’. Cada paciente entra na emergência com uma história. E, para entrar nesses casos e se aproximar ao máximo da realidade, a gente fez um painel, uma coletânea de histórias que acontecem no cotidiano e cujo debate pela sociedade é de extrema importância. Tem abuso, suicídio, AIDS, destrato, descaso, negligência.? Todos que entram pela porta do hospital viram temas dos episódios.

As rotinas médicas são extremamente específicas. Que cuidados foram tomados ao retratá-las na dramaturgia?

Temos a orientação de uma equipe médica coordenada pelo Marcio Maranhão, nosso consultor médico tanto na série quanto no filme.? São médicos que se revezam no set de filmagem, porque sempre temos um procedimento ou outro e não só cirúrgico. Às vezes temos um exame, consulta ou atendimento?que precisa de uma orientação médica também.

 

Este é o seu primeiro trabalho em TV aberta, após inúmeros trabalhos no cinema. Como tem sido essa experiência?

É uma experiência muito boa. Primeiro, porque estou trabalhando com a minha turma e em coprodução com a Globo. Um time de sonho.? Eu e Jorge Furtado não havíamos trabalhado juntos ainda e está sendo uma ótima oportunidade para realizar esse desejo. O que fazemos é uma produção refinada, cuidada, com drama.?O cinema está indo para as séries, que ganharam um espaço muito grande. ‘Sob Pressão’ é um?thriller?hospitalar com muito drama e queremos trazer uma reflexão para o público.

About Dina Barile

Recebi o título de Doutora em Viajologia, depois de viajar por 140 países e pisar em todos os continentes. Recebi um troféu do Rank Brasil, pois sou a primeira e única mulher brasileira a ter estado na ESTRATOSFERA. Experimentei a Culinária de todos os países por onde passei. Expert nos temas Turismo, Gastronomia e Beleza, convido todos os leitores para um Passeio Turístico e Gastronômico por todos os Continentes.

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