Inundados por visitantes, alguns destinos turísticos precisaram impor regras mais rígidas para preservar a beleza e o meio-ambiente.
Nas últimas semanas, autoridades na Tailândia e nas Filipinas decidiram fechar alguns dos seus seus principais – e mais populares – destinos turísticos.
Turistas na fila para visitar Machu Picchu, em janeiro de 2013
Conheçam cinco destinos ao redor do mundo que estão buscando maneiras de lidar com a alta popularidade de seus pontos turísticos. Confira:
- Maya Bay, Tailândia
Foto: iStock
Em março, as autoridades tailandesas anunciaram que estavam suspendendo as atividades turísticas de Maya Bay, a praia mais famosa do país, para dar a ela uma breve pausa.
A isolada ilha de águas transparentes, areia branca e falésias calcárias ganhou fama após Leonardo DiCaprio ter gravado ali cenas para o filme A Praia. Desde então, a média de visitantes do local passou para algo entre 4 mil e 5 mil por dia.
A Tailândia já havia fechado dezenas de locais de mergulho em 2011. Koh Yoong, nas Ilhas Phi Phi, e Koh Tachai, nas Ilhas Similan, estão isoladas dos turistas desde meados de 2016.
2. Cinque Terre, Itália
Os turistas não se cansam de visitar as cinco pequenas cidades brilhantemente pintadas em penhascos no norte da Itália, conhecidas como Cinque Terre. A área, que tem cerca de 5 mil moradores, tornou-se um parque nacional em 1999 e e agora recebe mais de 2 milhões de turistas por ano. As pessoas viajam até lá para percorrer os caminhos pitorescos que ligam as cidades e os vinhedos. No entanto, ao longo dos anos, as passagens foram às ruínas devido à erosão e ao uso excessivo pelos turistas. A rota mais popular da região entre Riomaggiore e Manarola está fechada desde setembro de 2012, depois que um grupo de turistas australianos ficou ferido em um deslizamento de terra. Outro turista acabou machucado em um caminho diferente no feriado de Páscoa neste ano, segundo o site La Nazione. Desde então, as conversas sobre limitar o número de visitantes do local se intensificaram – mas nada aconteceu oficialmente ainda. Recentemente, as autoridades do parque testaram um aplicativo que turistas podem baixar para ver o número de pessoas presentes em cada rota em tempo real. Quando um alerta vermelho aparece, é porque o caminho está cheio e visitantes podem repensar se querem mesmo se juntar às multidões. No futuro, a ideia é tentar fazer também listas de espera virtuais. Os turistas também podem comprar um Cartão Cinque Terre, que permite acesso aos trens e ao e ao transporte público. Não é obrigatório, mas os rendimentos do cartão servem para financiar os reparos nas trilhas, entre outras coisas.
3. Machu Picchu, Peru
A antiga cidade inca de Machu Picchu, no Peru, é destino certo para muitos viajantes. A famosa Trilha Inca permite que os visitantes caminhem até a cidade em meio a paisagens andinas e florestas nubladas, o que muitos dizem fazer da experiência algo ainda mais gratificante. No entanto, muita gente viajando ao mesmo tempo com guias não regularizados acabou fazendo com que as rotas ficassem danificadas, com pilhas de lixo se acumulando e acampamentos se multiplicando sem qualquer controle.
A região é conhecida por ultrapassar o número de pessoas recomendado pela Unesco, que seria de 2,5 mil visitantes por dia.
4. Jeju Island, Coreia do Sul
Você consegue adivinhar qual seria a rota de voo mais concorrida no mundo? No ano passado, a vencedora foi aquela que liga a capital da Coreia do Sul, Seul, e Jeju Island, um destino turístico a 90 km de distância do continente.
As pessoas vão para lá para apreciar as paisagens vulcânicas, as cachoeiras pitorescas e um parque de diversões erótico, popular entre os recém-casados em lua de mel. Em 2017, quase 65 mil voos ligaram os dois aeroportos – seriam quase 180 por dia. Por ano, cerca de 15 milhões de turistas visitam a ilha, de acordo com o jornal South China Morning Post. O que significaria uma multidão para uma área de apenas 2 mil quilômetros quadrados.
O overno da Coreia do Sul está considerando fazer outro aeroporto na ilha, já que está projetando o aumento do número de turistas para 45 milhões até 2035. A Ilha de Jeju é popular principalmente entre os turistas chineses. O crescimento do mercado de viagens a partir China é visto, aliás, como a maior causa das tensões recentes na região. No ano passado, a China chegou a proibir suas agências de viagens de vender pacotes para a Coréia do Sul em protesto contra a decisão de Seul de utilizar um sistema de defesa antimísseis americano para a segurança. Essa proibição, porém, acabou recentemente.
5. Caño Cristales, Colômbia
Caño Cristales é um rio que parece correr refletindo um espectro inteiro de cores. Graças às plantas aquáticas que ali habitam e que refletem a luz do sol, ele fica vermelho, rosa, verde e amarelo. Moradores dessa região da Colômbia chegaram até a apelidar o rio de “arco-íris líquido”. No passado, esse era o coração do território ocupado pelas guerrilhas das Farc, o que significa que o turismo ali era praticamente inexistente. Mas, recentemente – especialmente depois do acordo de paz selado em 2016 –, visitantes começaram a se aventurar mais a fundo no país e quiseram ver essa maravilha de perto, usando a pequena região de Macarena como local para hospedagem.
Ao contrário dos outros lugares citados nessa lista, Caño Cristales ainda não recebe milhões de turistas por ano (foram cerca de 16 mil em 2016), mas já enfrenta o desafio de conseguir equilibrar um fluxo desgovernado de turistas com um ecossistema extremamente delicado. Há preocupações de que a presença de mais pessoas na área possa causar um aumento na poluição e danificar as preciosas plantas aquáticas do rio.
Para um destino turístico emergente, ele até que começou bem, inserindo uma série de regras: garrafas de plástico não são permitidas, assim como protetor solar ou repelente de insetos na água. Algumas áreas são proibidas para nado, e também não é permitido alimentar os peixes, nem fumar na região. Na chegada, os visitantes participam de um briefing para garantir que tudo isso esteja claro.
No entanto, ainda há preocupações ambientais diante da possibilidade do aumento do número de voos (os visitantes em geral chegam vindos de Bogotá) e da presença de vans, que levam as pessoas de Macarena até o rio.
Em dezembro, o acesso foi restrito para dar ao rio um descanso. Faber Ramos, coordenador do programa de ecoturismo, explicou ao site Semana Sostenible: “A presença humana pode prejudicar o processo de reprodução das plantas. Por isso, nós decidimos implementar esse período de restrição”
Fotos: iStock
Texto extraído do programa C O M PA N H I A D E V I A G E N S