Hugh Jackman desembarcou no aeroporto de Guarulhos neste domingo (19) para promover seu novo filme, “Logan”, longa que marca a despedida do ator no papel do mutante Wolverine e trata de seu envelhecimento.
Horas depois de sua chegada Jackman já se apresentou sorridente e simpático para uma coletiva com a imprensa.
O curativo no nariz chamou atenção, mas dias antes, Jackman postou no seu Instagram que precisou tratar outro carcinoma basocelular, o conhecido câncer de pele. Em novembro de 2013, o artista já havia sido diagnosticado com o mesmo tipo de câncer.
Logo de início o ator relembrou os primeiros testes para encarnar o personagem no cinema em 2000, quando “X-Men”, de Bryan Singer, deu início à febre dos filmes de super-heróis. Segundo ele, a ideia soou ridícula para sua esposa. E emendou: “Foi a única sugestão errada que ela me deu”. Dezessete anos depois, com “Logan”, o ator disse que chorou ao assistir o filme pronto. Ele disse ter sentido que alcançaram o coração do personagem. E que ele espera que Logan seja enxergado como uma revolução tão grande quanto o primeiro X-Men.
O novo filme, dirigido pelo mesmo James Mangold de “Wolverine Imortal” (2013), é um filme sobre envelhecer, morrer. Sobre família, sobre se conectar. E sobre o custo de se conectar uns aos outros. “Chamar de ‘Logan’ foi essencial, porque aborda o homem, não o super-herói.”, concluiu o ator
Jackman interpreta o personagem mais velho, mais amargo, em um mundo sem mutantes. Ele dirige uma limusine e cuida do professor Xavier (Patrick Stewart), outrora considerado a mente mais poderosa do mundo e que agora é um nonagenário que precisa de drogas para não ter nenhum surto e causar acidentes e estragos enormes.
Tudo muda quando Logan é procurado por uma mexicana que quer que ele a conduza e à sua filha para um local escondido, no estado de Dakota do Norte. Logo descobre-se que a menina é uma das diversas crianças frutos de uma experiência financiada por grupos poderosos interessados em desenvolver pequenos soldados a partir do material genético de mutantes. A garota, que se chama Laura (Dafne Keen), tem os mesmos poderes de Wolverine: lâminas bastante afiadas nas mãos, além de muita ira e uma força descomunal. Apesar do aspecto frágil, é uma pequena e perigosa homicida. Além das lâminas nas mãos, a menina traz lâminas nos pés também.
É quando Logan se torna um road movie, conduzindo Laura pelos Estados Unidos (acompanhados no carro de um decrépito Charles Xavier, com a saúde bastante fragilizada). “Fazer um road movie é difícil, cansativo. Era quente, era duro, mas também era doce.”
Jackman usou bastante as palavras duro e doce, depois que ganhou uma rapadura de um jornalista que explicou que era um doce duro, mas doce (veja foto ao lado).
A partir daí, como sempre, Wolverine assassina, desfigurando e mutilando corpos e rostos dos inimigos. Laura não fica muito atrás: faz um estrago terrível em seus inimigos. Tudo muito violento.
Mas essa é exatamente uma das intenções do longa: uma visão crítica sobre a violência. Jackman filosofa que o filme é sobre decidir se é mais seguro viver sozinho ou, se conectar com os outros. Ele ainda diz que não importa o gênero do filme, mas o importante é transmitir a história, elogiando o diretor.
O filme também é terno quando se nota a preocupação e o carinho de Charles com a “aguardada” Laura. Há cenas até divertidas, quando Logan tenta ensinar as boas maneiras, que ele não tem, para a pequena Laura, que, por ter passado a vida inteira em um laboratório, não sabe nem usar os talheres. Mas fora isso, o filme é melancólico, com uma proposta reflexiva, mais humano do que a maioria dos filmes de herói.
Ninguém precisa ter visto nenhum outro filme da franquia nem lido os quadrinhos para acompanhar “Logan”. E percebe-se que, de fato, ele compreendeu como nunca seu personagem. A interpretação de Jackman neste último longa sobre Wolverine surge profunda
“O maior medo de Logan não são seus inimigos, e sim a intimidade, de estar perto de pessoas que ele gosta. Por isso que criar uma família para ele foi essencial para a narrativa”, explica o ator.
Com a decisão de não voltar mais ao personagem, Jackman viu como vantagem, ficar mais tempo com sua mulher e filhos, mas disse que vai continuar buscando projetos que, assim como ‘Logan’, emocionem. “Espero que esse filme seja lembrado muito além de minha interpretação.”
O longa põe fim à trajetória de Hugh Jackman na pele do mutante Wolverine, personagem que o tornou uma grande estrela mundial. Qdo perguntado como foi interpretar Wolverine tão cansado, ele respondeu com uma palavra: “CANSADO”
Foram 17 anos em que Jackman volta e meia retornava ao herói, em geral sempre roubando a cena, com seu temperamento estourado e seu (mau) humor peculiar. Em “Logan”, ele continua o Wolverine que já conhecemos, com essas mesmas características, só que desta vez surge com um desânimo perturbador.
O público brasileiro pode conferir o resultado a partir de 2 de março.