Especialista explica quais as vantagens e desvantagens dessa droga
Liderados por Ronald Evans, diretor do Laboratório de Expressão Genética do Instituto Salk, dos Estados Unidos, um grupo de pesquisadores internacionais afirma ter descoberto o controle natural do apetite.
“A Pílula faz com que o organismo ache que houve ingestão de alimentos e passe a queimar calorias. Após ingerida, a fexaramida atua no cérebro para saciar a fome. Entre seus efeitos benefícios estão, ainda, o controle do colesterol e pressão sanguínea e a aceleração do metabolismo e reduz inflamações com eficácia nunca vista”, explica a nutróloga Liliane Oppermann.
Segundo Ronald Evans, autor principal da pesquisa publicada ontem na revista “Nature Medicine”, a pílula é de fato como uma refeição imaginária. Ele afirma que a substância manda os mesmos sinais que normalmente ocorrem quando a pessoa come uma grande quantidade de alimentos, de modo que o corpo começa a abrir espaço para estocá-los. Mas não há calorias nem mudanças no apetite, então, consequentemente, há perda de peso. “De uma forma geral, sou contra a afirmação de que essa pílula servirá como uma refeição, pois isso irá incentivar as pessoas a não comerem nada e “viverem” disso, e, sabemos que o número de pessoas que ultrapassam os limites quando se trata de dietas, é grande, portanto, me preocupa um pouco”, opina a nutróloga.
A fexaramina ativa uma proteína chamada receptor farensoid X (FXR), que controla a liberação de ácidos biliares do fígado, a digestão do alimento e o estoque de gorduras e açúcares. Outras drogas contra a obesidade bloqueiam a absorção de gordura, já esta queima seu excesso. O laboratório de Evans trabalha há 20 anos com o FXR, mas há outros centros de pesquisa que também estão estudando drogas com função parecida.
Os cientistas trazem esta novidade como uma nova maneira de combater a obesidade. O produto tem como diferencial sua atuação localizada no sistema digestivo, não penetrando na corrente sanguínea, o que reduz os efeitos colaterais. “Só precisamos tomar cuidado para que ao tentar resolver o problema de uma obesidade, não se desencadeie outro problema, como o da falta de vitaminas e nutrientes no organismo, gerando conseqüências graves para a saúde”, alerta a médica.
Os resultados dos testes feitos com cobaias, e divulgados pela revista Nature Medicine, foram extremamente satisfatórios. O grupo agora espera para iniciar os testes em humanos.
Especialmente no Brasil, temos poucas opções de drogas para tratamento de obesidade. Há algumas aprovadas pelo FDA (agência reguladora dos EUA) com bons resultados que não chegaram aqui. Porém, nem todos os pacientes respondem da mesma maneira a uma droga: há os que perdem bastante peso e outros que não acusam efeito nenhum. Os efeitos colaterais também variam. “Sou totalmente a favor que a droga seja liberada e usada no Brasil, assim como sou a favor da sibutramina, por exemplo, que está sempre em questões polêmicas de aprovação também. Para mim, esses remédios servem como complementos de uma dieta bem balanceada e sempre acompanhada de um especialista. Se feito dessa forma, dificilmente esses remédios trarão efeitos negativos para o indivíduo”, comenta Dra. Liliane.
Dados de 2014 da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, e destes, 17,5% são obesos. Além disso, a prevalência de mulheres com diabetes é de 7,2%, contra 6,5% nos homens. Entre pessoas com mais de 65 anos, o índice de diabéticos chega a 22%. A obesidade e a diabetes levam a complicações cardíacas e diminuem a expectativa de vida.
Os cientistas defendem também que além da substância, o estilo de vida saudável continuaria sendo prioridade. Afirmam que a prática de atividade física e a dieta balanceada sempre fará parte do sucesso da perda e manutenção do peso. O medicamento é a terceira via no tratamento do obeso que não responde apenas às mudanças no estilo de vida. “As dietas sempre devem ser feitas através de uma reeducação alimentar, e, com ou sem uso de remédios, a pessoa deve se alimentar a cada 3h. O principal é não confundirmos a sensação de saciedade que essa pílula pode dar com a sensação de nutrição real. A comida nunca deve ser extinta de um cardápio de quem quer ou não perder peso, pois essa sempre foi e sempre será a melhor maneira de emagrecer de forma saudável e feliz”, conclui Liliane Oppermann.
Sobre Dra. Liliane Oppermann
A Doutora Liliane Oppermann, CRM 123314, é Médica Nutróloga, com título de Especialista pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e Ex-Diretora da Associação Médica Brasileira de Ortomolecular (AMBO). É capacitada em Nutrologia Esportiva, Diabetes, Obesidade Infanto Juvenil e em acompanhamento pré e pós Cirurgia Bariátrica. Pós-Graduada em Gastronomia Funcional, Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching, Palestrante com diversos temas na área da saúde física, emocional e alimentação saudável para público leigo ou profissionais da área. Desde 2002 se dedica ao Estudo da Obesidade. Elaborou o Método de Emagrecimento Dieta DC em 2008 e junto com a Prática Ortomolecular vem acompanhando seus pacientes.
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